Cristiano X da Dinamarca com a sua sogra, a grã-duquesa Anastásia Mikhailovna e a a esposa, a princesa Alexandra de Mecklenburg-Schwerin |
A resposta a esta pergunta pode surpreender alguns e não ser grande novidade para outros, mas é um grande e extenso sim. Neste momento, algumas das famílias reais mais conhecidas da Europa descendem de algum membro da família Romanov. Vamos explorar as relações familiares que os actuais reis e rainhas da Europa têm com a desaparecida família imperial russa.
Dinamarca
A rainha Margarida II da Dinamarca com os seus descendentes em 2014 |
Dentro das famílias reais que ainda estão no trono, a da rainha Margarida II é a que possui uma relação mais directa com os Romanov. A sua avó materna era a princesa Alexandrina de Mecklenburg-Schwerin, filha da grã-duquesa Anastásia Mikhailovna. Esta não era a grã-duquesa que foi imortalizada em filmes e livros, mas sim a única filha do grão-duque Miguel Nikolaevich, filho do czar Nicolau I, que reinou no Império Russo entre 1825 e 1855.
Mas as ligações não terminam por aqui. A rainha Margarida é também sobrinha-bisneta da imperatriz Maria Feodorovna, uma princesa dinamarquesa, filha do rei Cristiano IX, que se casou com o czar Alexandre III. Maria Feodorovna era mãe do último czar da Rússia, Nicolau II, e avó da Anastásia dos filmes.
Para terminar as ligações familiares, Margarida II é também pentaneta de outra grã-duquesa russa: Helena Pavlovna, filha do czar Paulo I e neta da imperatriz Catarina, a Grande.
Holanda
O rei Guilherme-Alexandre da Holanda com a mãe, a rainha Beatriz, a esposa Máxima e as filhas Catarina-Amália, Alexia e Ariane |
As famílias reais da Dinamarca e da Holanda têm uma antepassada Romanov em comum: a grã-duquesa Helena Pavlovna. Enquanto que, no caso de Margarida II, esta ligação surge pelo lado da sua avó materna, Beatriz é quadraneta da grã-duquesa russa através do seu avô materno, o príncipe Henrique de Mecklenburg-Schwerin, que era também o meio-irmão mais novo de uma outra figura muito conhecida da família Romanov: a grã-duquesa Maria Pavlovna, esposa do grão-duque Vladimir Alexandrovich da Rússia e matriarca do clã familiar rival de Nicolau II: os Vladimirovich.
No entanto, existe uma ligação familiar ainda mais próxima com a dinastia russa: a avó materna de Beatriz, a rainha Guilhermina da Holanda, era neta de outra filha do czar Paulo I, a grã-duquesa Ana Pavlovna da Rússia, que se casou em 1816 com o rei Guilherme II da Holanda.
Reino Unido
A família real britânica em 2012 |
Embora não seja muito comum ver os Windsor a conviver com outras famílias reais europeias, a sua ligação aos Romanov é também bastante forte, começando logo pelo marido da rainha Isabel II, o príncipe Filipe, duque de Edimburgo que é, nada mais nada menos, sobrinho-neto tanto da imperatriz Alexandra Feodorovna como da grã-duquesa Isabel Fedorovna. Além disso, é neto da grã-duquesa Olga Constantinovna, rainha da Grécia e sobrinho da grã-duquesa Alexandra Georgievna, a primeira esposa do grão-duque Paulo Alexandrovich, filho mais novo do czar Alexandre II. As ligações são tantas e tão próximas que este blog já lhes dedicou um artigo em 2012.
A rainha Isabel II tem também a sua quota parte de ligações aos Romanov, embora não sejam tão directas. A sua bisavó, a princesa Alexandra da Dinamarca, era irmã mais velha da czarina Maria Feodorovna e o seu avô, Jorge V, era tão parecido fisicamente com o seu primo direito, o czar Nicolau II, que os dois eram muitas vezes confundidos.
Dentro da família real britânica existe também um ramo com ligações aos Romanov: os primos direitos da rainha, o duque de Kent, a princesa Alexandra e o príncipe Michael de Kent. Filhos do príncipe Jorge, duque de Kent, e da princesa Marina da Grécia e da Dinamarca, são netos do príncipe Nicolau da Grécia e da Dinamarca e da grã-duquesa Helena Vladimirovna da Rússia, o que os torna bisnetos da grã-duquesa Maria Pavlovna e do grão-duque Vladimir Alexandrovich da Rússia e trinetos do czar Alexandre II, o Libertador.
Eduardo, duque de Kent, a princesa Alexandra, Honourable Lady Ogilvy e o príncipe Michael de Kent |
Espanha
A família real espanhola em 2007 |
Há uma característica que salta logo à vista quando pensamos nas ligações entre a família real espanhola e os Romanov: a hemofilia. Além da Rússia, também a Espanha teve um herdeiro ao trono que padeceu desta doença em inícios do século XX: Afonso, príncipe das Astúrias. Filho do rei Afonso XIII e da rainha Vitória Eugénia, a doença surgiu pelo lado da rainha Vitória. A czarina Alexandra Feodorovna e a rainha Vitória Eugénia eram primas direitas e ambas sofreram na pele as consequências públicas e privadas que a hemofilia trouxe às suas vidas.
Em termos de relações familiares propriamente ditas, elas também existem. A rainha Sofia de Espanha é filha do rei Paulo I da Grécia e da princesa Frederica de Hanôver. O seu pai era neto da grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia, rainha da Grécia entre 1867 e 1913.
Grécia
A família real grega |
Embora tenham perdido o seu trono em 1973, as ligações da família real grega aos Romanov merecem, sem dúvida, uma menção honrosa.
Para começar, a antiga rainha, Ana Maria, esposa de Constantino II, é irmã mais nova da rainha Margarida II da Dinamarca, portanto todas as relações familiares especificadas mais acima também se aplicam a ela.
Constantino II é, por seu lado, irmão mais velho da rainha Sofia de Espanha, e, por isso, é também bisneto da grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia.
Antepassados Romanov
Helena Pavlovna, filha de Paulo I e antepassada das famílias reais da Dinamarca e da Holanda |
Ana Pavlovna, irmã mais nova de Helena e antepassada da família real holandesa |
Anastásia Mikhailovna, antepassada da família real dinamarquesa |
Olga Constantinovna: antepassada das famílias reais do Reino Unido, Espanha e Grécia |
A família de Nicolau II e Alexandra Feodorovna pode ter sido dizimada na fatídica madrugada de 16 de Julho de 1918, mas esse acto não foi capaz de eliminar por completo o sangue dos Romanov que, ainda hoje, se mantém forte e no poder em vários países da Europa e promete permanecer assim pelo menos durante mais uma geração.
É bom saber disto.
ResponderEliminarEu já sabia, é claro, que os Romanov não tiveram sido "extintos por completo", mas não sabia com esta riqueza de detalhes.
Incrível
ResponderEliminarLindo Romanov Family. À época,um homem poderoso e tido como mais rico aliados a um estilo de vida descentes.
ResponderEliminarA monarquia vai voltar na Rússia. Será uma monarquia controlada pela MGB - FSB (KGB) de Putin.
ResponderEliminarEntão, pra q ele vai querer a monarquia russa de volta?
Eliminareu quero para meus ecentes romabov
Eliminarquando vi as fotos dos romanov, tive a impressao de ser muito proximo a eles e ate chorei de saudades de uma familia que morreu quase cinquenta anos antes de eu nascer. como pode isso?
ResponderEliminarSenti a mesma coisa, mas senti ligação com a Maria.
EliminarConheço um senhor de sobrenome Amor (Roma ao contrário). O pai dele era russo, e não contava sua história nem porquê veio para o Brasil. Apagou todos os vestígios de sua origem. Seria um Romanov querendo se esconder? Seria possível isso?
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA morte dos Romanov foi uma tragédia nos prejudica até hoje pois abriu caminho para o comunismo.
ResponderEliminarA Rússia ensina: o comunismo/socialismo nada mais é que o substituto semelhante da autocracia absolutista.
EliminarÓtimo texto, sempre fui interessada nos Romanovs, mas não sabia dessa riqueza de ligações. Muito bom!!!
ResponderEliminara riquea e sta no palacio de coluna na rucia
EliminarE pensar que meus antepassados vieram parar no Brasil porque meu bisavô era partidário da familia Romanov....Não se se é pra rir ou pra chorar....
ResponderEliminarEsqueceu de citar da agente romanov dos vingadores
ResponderEliminarNão acredito que o czarismo regresse à Rússia. Espero sinceramente que a democracia se instale definitivamente. O czar cometeu erros brutais durante o seu reinado, mas o governo bolchevique não tinha necessidades de os assassinar. Bastava deixa Los partir para o exílio. Só tinha ficado bem a Lenine mostrar compaixão. Mas o destino não quis assim e como diz o velho ditado quem com ferros mata, com ferros morre. Lenine foi baleado e a sua morte foi devida à consequência desse incidente. História triste porque os filhos não têm culpa dos erros dos pais. Lenine podia ter posto o czar e a czarina em prisão domiciliária e ter deixado as crianças partirem com o resto de família para o exílio. Ao dar a ordem de matar todos os romanov cometeu o mesmo erro do czar com os seus prodgroms.
ResponderEliminarOs czares foram vítimas do seu próprio sistema místico-totalitarista. Em outras palavras, o comunismo/socialismo nada mais é que o substituto semelhante da autocracia absolutista.
ResponderEliminarA história dos romanov além de ser muito interessante ao mesmo tempo é muito triste.
ResponderEliminarpara ser mais exato, quase, senão todas as famílias imperiais da europa antiga tem uma ligação, inclusive a casa real brasileira tinha parentesco com a russa e a inglesa, eram primos
ResponderEliminarO livro "Os Románov" de Simon Sebag Montefiore conta a história dos Románov de 1613 a 1918. Excelente leitura.
ResponderEliminarHistória triste!
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