No verão de 1889, celebraram-se mais dois casamentos: o grão-duque Pedro Nikolaevich casou-se com a princesa Militsa de Montenegro em Peterhof e, três semanas depois, a sua irmã mais nova, Stana, uniu-se ao seu primo Jorge, duque de Leuchtenberg, tornando-se à maneira russa, Anastásia Nikolaevna. Filhas do príncipe Nicolau de Montenegro, Militsa, Stana e as suas irmãs foram colocadas sob protecção imperial por razões políticas durante o reinado de Alexandre II e foram educadas em São Petersburgo, no Instituto Smolny. A família imperial recebeu-as bem, pelo menos aparentemente, e as irmãs eram convidadas a participar nas reuniões de família, mas os membros da sociedade elegante de São Petersburgo mostrava escárnio nas suas costas e considerava-as parentes muito fracas. As irmãs continuam a ser retratadas com um certo pretensionismo, algo injusto, já que as irmãs foram educadas para terem as suas próprias opiniões e tinham todas as capacidades para cumprir o que era esperado delas.
O casamento de Anastásia desfez-se alguns anos depois e, no outono de 1906, a sociedade ficou radiante com o rumor de um caso amoroso entre ela e o grão-duque Nicolau Nikolaevich Júnior, irmão de Pedro. Nicolau era um homem solitário que estava sempre atento às suas emoções. Poucos membros da família sabiam o que ele fazia, mas o grão-duque tinha mantido uma longa relação com a filha de um oficial da cidade, Sophie Burenina. Em 1892, Alexandre III deu-lhe permissão para se casar com ela legalmente, mas teria de abdicar dos seus direitos e títulos. Depois, pressionado por um grupo da família liderado pelo grão-duque Vladimir, o czar mudou de ideias. Nicolau aceitou a decisão e seguiu com a sua vida normalmente, mantendo apenas o seu irmão Pedro e a família dele por perto. O casamento de Anastásia acabou em divórcio em Novembro de 1906 e os rumores já a viam praticamente casada com Nicolau. De facto, Nicolau II não queria dar o seu consentimento e apenas aceitou o casamento porque o Santo Sidónio assim o aconselhou. O casal casou-se na Criméia na primavera de 1907, algo que enfureceu o resto da família que achava que o czar estava a mostrar favoritismo pelos Nickolaevich.
A grã-duquesa Maria Georgievna, que se casou com o grão-duque Jorge Mikhailovich, em Corfu, no dia 12 de Maio de 1900, era a irmã mais nova da grã-duquesa Alexandra Georgievna, a falecida esposa do grão-duque Paulo Alexandrovich, por isso os seus laços com a família imperial sempre foram fortes. Mas ela sentia dúvidas em relação ao seu casamento com Jorge Mikhailovich e recusou o seu pedido várias vezes. O grão-duque cortejou-a durante muitos anos. Quando Maria aceitou finalmente o pedido, deixou bem claro que não estava apaixonada por ele, uma situação que Jorge estava preparado para aceitar, na esperança de que a sua noiva fosse mudar. Como se previa, o casamento não foi um sucesso. "Ela parecia comovida com a dedicação dele", escreveu uma amiga, "e a fortuna que ele lhe entregou deslumbrou-a, mas nunca lhe estragou a natureza." Depois nasceram duas filhas, mas "por trás desta bênção aparente, o grão-duque nunca foi feliz. Sentia que havia algo de errado e esperou sempre que o tempo melhorasse as coisas. Por seu lado, a grã-duquesa parecia sentir cada vez mais que nada poderia trazer novamente aquela paz que ela tinha sentido enquanto solteira para a sua vida de casada."
Maria Georgievna com as suas filhas Nina (esquerda) e Xenia, cerca de 1908. Com o passar do tempo, seria a saúde das filhas que daria à grã-duquesa a desculpa perfeita para passar longos períodos longe da Rússia e do marido.
Uma geração depois, em 1896, Maria Feodorovna, agora czarina viúva, segura a sua neta, a grã-duquesa Olga Nikolaevna, filha mais velha de Nicolau II. A relação entre Maria Feodorovna e a sua nora Alexandra nunca foi fácil, mas nos primeiros tempos, as duas conseguiam manter um certo nível de harmonia. Maria Feodorovna estava hospedada no palácio quando Olga nasceu e tornou-se uma avó gentil e indulgente das cinco crianças imperiais.
A rivalidade entre as cunhadas Maria Feodorovna, czarina-viúva, e a grã-duquesa Maria Pavlovna, manteve-se ao longo do novo reinado. Na altura, aquilo que nunca tinha sido mais do que um rancor trivial entre duas mulheres muito confiantes e muito bem posicionada, sem que nenhuma das duas quisesse realmente magoar a outra, tornou-se uma fonte de verdadeira divisão. Alexandra, a jovem czarina, viu-se no meio destas duas mulheres que podiam ter sido mais úteis se a tivessem ajudado a enfrentar os desafios do seu novo papel. Incapaz de se sentir à vontade junto da sua sogra, Alexandra também rejeitou as tentativas de Maria Pavlovna de assumir o controlo, o que criou um ressentimento duradouro.
O vestido que Maria Feodorovna está a usar nesta fotografia (a de cima), sobreviveu até aos dias de hoje. Feito pelo costureiro Worth de Paris, em veludo castanho com um padrão de cravo bordado em tons dourados, fez parte de uma exposição sobre o vestuário do século XIX no Museu Hermitage em 1993.
Os Vladimirovich numa fotografia tirada na ocasião das suas bodas de prata em 1899: da esquerda para a direita, o grão-duque André, o grão-duque Vladimir, a grã-duquesa Helena, o grão-duque Cyril, a grã-duquesa Maria Pavlovna e o grão-duque Boris.
A grã-duquesa Isabel Mavrikievna e o grão-duque Constantino Constantinovich numa fotografia que mostra a longa felicidade da sua vida de casados. Recentemente as passagens retiradas do diário do grão-duque que sugerem as suas actividades homossexuais, têm dominado tudo o que é escrito sobre ele. Mas mesmo que estes comportamentos tenham tido algum significado, representaram apenas episódios isolados na sua vida dos quais ele se veio a arrepender. O efeito da sua publicação foi o de diminuir o papel consistente de uma pessoa que ficou sempre do seu lado: Isabel, a sua esposa e companheira por mais de três décadas, e mãe dos seus nove filhos, que foram nascendo ao longo de um período de vinte anos.
A fotografia acima foi tirada no dia do nome do filho mais novo da família, Jorge, no dia 23 de Abril de 1909, mas comemora as Bodas de Prata do casal que se tinham celebrado uma semana antes. No seu diário, o grão-duque Constantino descreveu como, depois da festa para Jorge em Czarskoe Selo, a família se juntou na biblioteca de Maria Feodorovna (esposa de Paulo I), no Palácio de Pavlovsk, para tirar as fotografias com o fotografo Gorodetsky.
Alexandra Iosifovna, grã-duquesa Constantino, mãe de Constantino Constantinovich e a última sobrevivente da sua geração: depois de 1909, mais ninguém na família se lembrava da corte do czar Nicolau I, à qual ela tinha chegado como uma jovem noiva, e Alexandra adorava contar às mulheres mais novas como os tempos tinham mudado. "Tinha sido uma beldade muito conhecida na sua época," escreveu a filha de uma das suas damas-de-companhia, "e agora era uma senhora idosa de respeito com cabelo cor-de-neve, muito bem penteado. Tinha mantido uma maneira muito elegante de se vestir e os seus vestidos negros e justos faziam-na parecer alta, erecta e magra."
Alexandra era o tipo de princesa antiga, graciosa e sorridente, mas nunca se esquecia a sua posição por um momento.
O último homem da família a contrair um casamento legal foi o neto de Alexandra Iosifovna, o príncipe João, filho mais velho do grão-duque Constantino Constantinovich. No verão de 1911 ficou noivo da princesa Helena da Sérvia, uma sobrinha das grã-duquesas Militsa e Anastásia, que tinha sido criada por elas e educada em Smolny depois de ter perdido a mãe quando era ainda criança. Mas foi outra das irmãs montenegrinas, Helena, rainha da Itália, que controlou o noivado, convidando Helena a visitar a sua casa ao mesmo tempo que João. O príncipe surpreendeu tudo e todos ao pedi-la em casamento quase imediatamente. A ideia de que João se queria casar causou grande divertimento à família, já que ele era um jovem alto, bastante simples, calado e muito religioso que tinha considerado tornar-se monge. Mas o seu casamento foi por amor e os dois foram muito felizes, tendo a gentileza dele complementado a personalidade mais agitada da esposa. Enquanto João regressou aos seus deveres na cavalaria, Helena começou a estudar Medicina na Universidade de São Petersburgo, tendo apenas desistido com alguma relutância quando nasceu o primeiro filho do casal.
Texto retirado do livro "The Camera and the Tsars" de Charlotte Zeepvat.
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