Olga Nikolaevna, por volta de 1905 |
Em 1905 e quase a completar dez anos de idade, Olga estava já ciente da sua posição como filha mais velha e adorava dar saudações militares aos soldados que estavam em guarda enquanto ela passava. Até ao nascimento de Alexei, algumas pessoas tinham o hábito de a chamar a sua "pequena imperatriz" e Alexandra acentuou esse facto, pedindo às suas damas-de-companhia que beijassem a mão de Olga em vez de expressarem o seu afecto de formas mais "efusivas". Apesar de, por vezes, ser rude com as irmãs, Olga já mostrava um lado mais sério. Possuía um certo carácter honesto e íntegro que lhe teria sido muito útil se alguma vez tivesse chegado a ser czarina. Desde cedo, Alexandra colocou em Olga um certo nível de responsabilidade que lhe relembrava constantemente em pequenas notas: "A mama dá um beijo muito carinhoso à sua menininha e pede a Deus para que a ajude a ser sempre uma criança cristã bondosa e amorosa. Sê simpática para todos, sê gentil e amorosa e todos vão gostar de ti", escreveu em 1905.
Olga com a mãe, Alexandra. |
Margaretta Eagar viu desde cedo que Olga tinha herdado o espírito altruísta da mãe e da avó Alice. Era muito sensível aos problemas dos mais infelizes. Certo dia, quando passeava de carruagem por São Petersburgo, viu um polícia a prender uma mulher por embriaguez e desacatos e implorou a Margaretta que a soltassem. Quando viu os camponeses pobres a cair de joelhos na berma da estrada na Polónia enquanto a família imperial passava, também ficou perturbada e pediu a Margaretta que lhes dissesse para 'não fazer aquilo'. Pouco depois do Natal certo ano, quando estava a passear pela cidade, viu uma menina a chorar na estrada. 'Veja,' exclamou ela, muito exaltada, 'o Pai Natal não devia saber onde ela morava' e atirou imediatamente a sua boneca que tinha consigo pela carruagem fora, gritando: 'Não chores, menina, toma uma boneca'".
Olga, por volta de 1904,1905 |
Olga era curiosa e tinha muitas perguntas. Uma vez, quando uma ama a repreendeu por estar mal-disposta, dizendo que ela 'tinha saído da cama com o pé errado', na manhã seguinte, Olga perguntou de forma pertinente qual era o pé certo para sair da cama para que 'o pé errado não me faça portar mal hoje'. Conseguia ser irritável, desdenhosa e difícil e os seus ataques de raiva revelavam um lado negro que, por vezes, era difícil de controlar, mas Olga também era uma sonhadora. Em certa ocasião, quando estava a brincar aos espiões com as filhas, Alexandra reparou que 'a Olga lembra-se sempre do sol, das nuvens, no céu, na chuva ou algo relacionado com o paraíso e explica-me que fica muito feliz quando pensa nestas coisas'". Em 1903, com oito anos de idade, confessou-se pela primeira vez e, pouco tempo depois da morte trágica da sua prima [Isabel de Hesse] nesse mesmo ano, começou a fascinar-se com o paraíso e a vida depois da morte. "A prima Ella já sabe, já está no paraíso, sentada a falar com Deus e Ele está a explicar-lhe como e porque fez isto", disse Olga a Margaretta Eager quando as duas conversavam sobre o sofrimento de uma mulher cega.
Olga com a sua prima Isabel, o tio Ernesto Luís de Hesse e o pai, Nicolau II. |
Texto retirado do livro "Four Sisters - The Lost Lives of the Romanov Grand Duchesses" de Helen Rappaport
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