Em 2008, quando foi anunciado que se tinham localizado e identificado os restos mortais de Maria e Alexei, os únicos membros da família imperial que não se encontravam na vala comum descoberta em 1979, muitos pensaram que o mistério dos Romanov estava finalmente encerrado e que, em breve, os seus corpos se juntariam aos do resto da família na Fortaleza de Pedro e Paulo em São Petersburgo.
No entanto, sete anos e muitos contratempos depois, muitos foram apanhados de surpresa quando, em Setembro deste ano, surgiu a notícia de que um grupo de trabalho liderado por Dmitri Medvedev, antigo presidente da Rússia, pretendia exumar os corpos da família Romanov com o objectivo de realizar novos testes forenses nos mesmos.
Túmulos dos Romanov na Fortaleza de Pedro e Paulo |
Na altura houve muita especulação relativamente ao motivo que levou a governo russo a tomar esta decisão tanto tempo depois da descoberta dos primeiros corpos há mais de trinta anos, nomeadamente de que tinham havido erros nos primeiros testes e que, na verdade, os corpos que se encontram actualmente enterrados na Fortaleza de Pedro e Paulo pertencem a outras vítimas do regime comunista e não à família de Nicolau II.
Embora esse rumor circule já há décadas, segundo o grupo de trabalho responsável por esta nova investigação, o único motivo que levou à reabertura do caso prende-se com o facto de a Igreja Ortodoxa Russa, apoiada por uma das actuais representantes da família Romanov, a grã-duquesa Maria Vladimirovna, nunca ter aceite a autenticidade nem dos corpos enterrados em 1998 nem dos descobertos em 2007 e, por isso, há vários anos que tem vindo a recusar dar seguimento aos procedimentos necessários para o enterro de Maria e Alexei. Uma vez que Nicolau II e a família são portadores da paz da igreja, um estatuto semelhante aos beatos da Igreja Católica, tornou-se necessário acabar de forma definitiva com qualquer dúvida existente relativamente à autenticidade dos corpos.
Tal não significa que os cientistas, o governo russo e até alguns membros da Igreja Ortodoxa não reconheçam que os corpos encontrados são realmente os da família Romanov, no entanto, dada a sensibilidade do processo, é necessário dissipar qualquer dúvida e conseguir obter a aprovação da igreja para que seja possível avançar com o enterro dos dois corpos que faltam. O grupo espera que as inovações que se verificaram no campo da ciência forense ao longo destes últimos vinte anos possam ajudar a dissipar qualquer dúvida sobre a identidade dos corpos.
Maria, Alexei e Anastásia |
Até ao momento, o grupo já completou as seguintes tarefas:
- Exumação dos corpos de Nicolau II, Alexandra Feodorovna e dos filhos para recolha de amostras;
- Exumação do corpo de Alexandre III com o mesmo objectivo;
- Recolha de amostras do corpo da grã-duquesa Isabel Feodorovna que se encontra sepultado na Palestina;
- Recolha de amostras de sangue do uniforme ensanguentado do czar Alexandre II.
Fotografia tirada durante o processo de exumação do corpo de Alexandre III que se realizou o mês passado em São Petersburgo |
Não existem informações concretas, mas espera-se que sejam novamente recolhidas amostras de sangue de alguns descendentes próximos dos Romanov para ajudar à investigação. Na década de 1990, uma das pessoas que forneceu material genético aos cientistas russos e americanos foi o príncipe Filipe, duque de Edimburgo, consorte da rainha Isabel II do Reino Unido, que é sobrinho-neto da imperatriz Alexandra.
A informação mais recente relativamente à investigação é que esta ainda vai demorar algum tempo, mais uma vez para que todos os procedimentos sejam realizados com cuidado e de modo a evitar dúvidas futuras. Depois de os resultados serem divulgados e se confirmar a identidade dos corpos, será também necessário mais um período de espera considerável até que seja definida uma data de enterro para os corpos da grã-duquesa Maria e do czarevich Alexei.
Ai que coisa...nunca mais têm a paz que merecem. Muito obrigada por este artigo Sara. :)
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