O irmão de Anastásia Mikhailovna, o grão-duque Alexandre Mikhailovich, com a grã-duquesa Xenia Alexandrovna. Este foi o primeiro casamento entre membros da família Romanov e apenas pôde ser celebrado porque os dois eram primos em segundo grau. Alexandre e Xenia conheceram-se porque faziam parte do mesmo grupo de primos e amigos que cresceu junto na década de 1880. Os dois começaram por ser amigos, apesar de ele ser mais velho nove anos do que a sua futura noiva e os seus sentimentos começaram a desenvolver-se quando Xenia estava a meio dos seus anos de adolescente. Alexandre III e Maria Feodorovna não estavam muito convencidos desta união, em parte porque Xenia era ainda muito nova e em parte porque não sabiam se podiam confiar no carácter de Alexandre. Mas a persistência acabaria por ser compensada e, em 1894, após a intervenção do grão-duque Miguel Nikolaevich, pai de Alexandre, o noivado foi anunciado. Mas mesmo assim houve percalços. A czarina não gostava da arrogância e falta de educação de Alexandre ao mesmo tempo que este se queixava que teria de esperar demasiado tempo entre o noivado e o casamento. A cerimónia celebrou-se em Peterhof a 6 de Agosto de 1894.
Alexandre e Xenia com a sua primeira filha, a princesa Irina Alexandrovna, por volta de 1896. Apesar de terem tido mais seis filhos, todos rapazes, a atracção romântica entre o casal não durou muito. O grão-duque não estava satisfeito com o rumo dos acontecimentos na Rússia e começou a ficar cada vez mais frustrado com a vida na corte. Ao fim de cerca de doze anos de casamento, tanto ele como Xenia começaram a passar longos períodos de tempo fora da Rússia. Ambos tiveram amantes com o total conhecimento do outro. No caso de Alexandre tratou-se de uma mulher identificada apenas como "Maria Ivanovna"; no caso de Xenia foi um inglês chamado Fane que ainda trocava correspondência com ela durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de tudo, Xenis e Alexandre continuaram casados em nome e estão enterrados ao lado um do outro.
A grã-duquesa Helena Vladimirovna com o seu noivo, o príncipe Max de Baden. O príncipe Max era neto da grã-duquesa Maria Nikolaevna da Rússia, duquesa de Leuchtenberg. Era um jovem atraente e rico e, por isso, não faltavam mães da realeza desejosas por ver as suas filhas casadas com ele. Em 1898, parecia que a grã-duquesa Maria Vladimirovna tinha ganho o grande prémio quando Max ficou noivo da sua filha Helena. Foram publicados os anúncios e tiradas as fotografias, mas o príncipe mudou de ideias. Os Vladimirovich ficaram furiosos e começaram a espalhar-se rumores de que Maria Vladimirovna estava a ficar desesperada para casar a sua filha. Em 1900, o nome de Helena foi sugerido para uma possível união com o rei da Bulgária, que tinha ficado viúvo pouco tempo antes. Nesse mesmo ano, o príncipe Nicolau da Grécia e Dinamarca, terceiro filho da rainha Olga da Grécia, pediu Helena em casamento, mas Maria Pavlovna repreendeu a filha por encorajar um homem sem perspectivas nem fortuna. Estava mais virada para o príncipe Alberto, futuro rei da Bélgica, mas ele recusou todos os seus convites para visitar a Rússia e acabaria por anunciar o seu noivado com a princesa Isabel da Baviera pouco tempo depois.
Helena Vladimirovna e Nicolau da Grécia e Dinamarca |
Em Junho de 1902, Maria Pavlovna admitiu a derrota e deu permissão à filha para aceita o pedido de casamento do príncipe Nicolau da Grécia e Dinamarca. A tia dele, a czarina Maria Feodorovna, tinha as suas dúvidas: "A forma como foram criados e como vêm a coisas são tão diferentes e divergentes. Será necessária muita paciência de ambos os lados. É verdade que ela tem um tom brusco e arrogante que pode chocar as pessoas". Mas a rainha Olga, que estava afastada da velha rivalidade que sempre tinha colocado as duas Marias em campos opostos, tinha mais esperança na união e acabaria por ter razão. A ideia de superioridade que a mãe de Helena lhe tinha transmitido causou sempre problemas na família, mas eles dois, Helena e Nicolau foram sempre felizes e tiveram um longo casamento do qual resultaram três filhas.
A grã-duquesa Olga Alexandrovna com o seu marido, o duque Pedro de Oldemburgo, pouco depois do seu noivado na primavera de 1901. Quando era já idosa e estava a viver no Canadá, Olga recordou o seu primeiro casamento como uma fachada vazia. Sentia que tinha sido enganada ao aceitar a proposta de Pedro e o seu biografo, Ian Vorres, concluiu que a mãe dela teria arranjado a união para manter a sua filha por perto. No entanto, não foi esse o caso. Os documentos da época mostram que Maria Feodorovna ficou admirada e divertida com o facto de Olga ter aceite a proposta. Era um par improvável: Pedro tinha trinta-e-dois anos, enquanto Olga tinha apenas dezoito. O duque era tão adoentado e cansado como Olga era robusta e energética. Mas ela aceitou o pedido e, durante os primeiros anos de casamento, pelo menos ele estava muito apaixonado: "Minha queria e doce Olga (...) sinto muito a tua falta e a nossa casa parece morta sem ti. Fui até ao teu quarto e fiquei a pensar nos tempos que passamos aqui juntos e vieram-me as lágrimas aos olhos." Fazes-me feliz porque sei que és feliz. Abraço-te com amor". O homem frio e desinteressado descrito nos relatos mais conhecidos não teria encontrado palavras para exprimir estes sentimentos. Talvez o problema fosse o facto de haver poucos sentimentos. Por razões ainda não completamente apuradas, o casamento desfez-se e Olga, ao recordá-lo da perspectiva de um segundo casamento feliz, apenas o conseguia recordar como uma falha.
Outro noivado recordado de uma perspectiva retorcida foi o da grã-duquesa Maria Pavlovna Júnior com o príncipe Guilherme da Suécia, arranjado pela tia de Maria, a grã-duquesa Isabel Feodorovna em 1907. Mais tarde, Maria culpou Isabel pela sua "pressa em casar-me e a total ausência de consideração pelo lado sentimental de tal pacto", embora admitisse ao mesmo tempo que gostou da atenção que recebeu na altura. "Ela era cheia de vida e muito alegre", recordou outra tia, a grã-duquesa Maria Georgievna, "mas tinha uma inclinação obstinada e egoísta que faziam com que fosse bastante difícil lidar com ela". Maria Pavlovna não falou nas memórias do desejo que tinha de fugir da disciplina da infância: "Depois vamos poder viajar juntos", escreveu Maria a Guilherme durante o seu noivado, "e viver como queremos. Estou ansiosa como começar uma vida maravilhosa - uma vida cheia de amor e felicidade, como disseste nas tuas últimas cartas."
Cinco gerações, com Maria Pavlovna, atrás, a segurar uma fotografia da sua falecida mãe, a grã-duquesa Alexandra Georgievna. A sua avó, a rainha Olga da Grécia, surge na direita, a sua bisavó, a grã-duquesa Alexandra Iosifovna, está à direita e o bebé é o filho de Maria, o príncipe Lennart da Suécia, nascido em Estocolmo a 8 de Maio de 1909. Maria acabaria por não encontrar a felicidade que esperava na Suécia. Sendo um oficial da marinha no activo, Guilherme passava muito tempo fora e a vida na corte tinha tantas limitações como aquela que tinha deixado na Rússia. Maria sentia-se frustrada e sozinha. Ficou tão doente que, em 1913, a sua família tomou a iniciativa de a levar de volta para a Rússia e dar início às negociações para o divórcio. Maria abandonou o filho que seria criado na Suécia pelo pai.
Em Maio de 1911, a princesa Tatiana Constantinovna ficou noiva do príncipe Constantino Bagration-Mukhransky. Esta união foi um sinal de que os tempos estavam a mudar. Com tantos membros da família a chegar à idade de casar, havia poucas hipóteses de encontrar parceiros do mesmo estatuto social. Além do mais, a maioria dos jovens Romanov queria ficar na Rússia. Por isso, Nicolau II deu o seu consentimento para o casamento de Tatiana e, em Agosto de 1911, formalizou uma nova lei que limitava a regra do mesmo estatuto social aos grão-duques e grã-duquesas que fossem filhos e netos de czares pela linha masculina. Os membros mais antigos da família olharam para esta nova lei com desconfiança. "Sabias que a filha do tio Kostia [Constantino Constantinovich] está noiva de um príncipe Bagration do Cáucaso?" escreveu a grã-duquesa Maria Alexandrovna à sua filha. "É o primeiro casamento morganático de uma mulher na nossa família. Ela estava ansiosa e a sofrer por causa deste amor morganático e agora foi sancionado. É um precedente perigoso para a nossa família e o início de uma nova era social." O casamento, que na verdade não era morganático, celebrou-se a 6 de Setembro em Pavlovsk.
A princesa Irina Alexandrovna, única filha do grão-duque Alexandre Mikhailovich e da grã-duquesa Xenia Alexandrovna, e o príncipe Félix Yussupov. Irina foi o segundo membro da família imperial a beneficiar da alteração da lei do casamento. O príncipe Félix Yussupov, conde Sumarakov-Elston, era o único filho ainda vivo de um dos casais mais ricos da Rússia - dizia-se que eram até mais ricos que o czar - mas não era um príncipe real. Irina aceitou a sua proposta de casamento em inícios de 1913 e os seus pais deram o seu consentimento em principio, mas não se fez qualquer anúncio. A família tinha muitas dúvidas acerca desta união, uma vez que Félix tinha má reputação. O anúncio foi adiado o mais possível para que houvesse tempo de avaliar atempadamente o carácter do noivo.
Nessa primavera, surgiu um segundo candidato à mão de Irina. O grão-duque Dmitri Pavlovich (acima) disse a Félix que estava apaixonado por Irina e pretendia pedi-la em casamento. Passou a aproveitar todos os momentos que tinha para estar com ela encorajado, pelo menos assim acreditava a mãe de Félix, a princesa Zinaida Yusupova, pela avó de Irina, a czarina Maria Feodorovna. Numa carta ao filho datada de 10 de Junho de 1913, a princesa Zinaida disse-lhe: "Meu querido menino (...) a mãe dela não nega que a avó é a favor do Dmitri, mas diz que, por ela, não teria nada contra ti se for isso que a Irina quiser". E foi isso mesmo que aconteceu. A decisão de Irina já estava tomada e, em Setembro, o noivado foi anunciado. Os dois casaram-se no Palácio de Anichkov, casa da avó de Irina.
Texto retirado do livro "The Camera and the Tsars" de Charlotte Zeepvat
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