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terça-feira, 8 de março de 2011

A relação de Alexandra Feodorovna com a rainha Vitória

Alexandra em Inglaterra na companhia da sua avó Vitória, do tio Eduardo VII, do marido e da filha Olga

A morte da avó foi muito lamentada pela imperatriz. A rainha Vitória tinha sempre sido uma ligação especial à mãe de quem ela mal se lembrava, assim como uma avó muito carinhosa. A rainha gostava muito dos seus netos de Hesse e a família achava que a Alice era a sua preferida. O que a rainha sentia era, antes de mais, influenciado pela pena que sentia daquela menina sem mãe. Mas a rainha e a imperatriz também tinham muitas características em comum, algo de que ela se apercebeu rapidamente. A imperatriz Alexandra possuía o coração bondoso da rainha, a sua capacidade de se entusiasmar rapidamente tanto com ideias como   com pessoas, o mesmo sentido de dever e a mesma fidelidade nas amizades. 

A rainha Vitória sempre mostrou muito interesse pelos seus netos. Sempre se tinha mantido em contacto com as pessoas que os rodeava e tinha assumido um papel importante nas suas vidas. Quando foi a Coburgo para assistir ao casamento do seu neto, o grão-duque de Hesse, é possível que já lhe tivesse ocorrido arranjar um noivado em simultâneo para a princesa Alice. De qualquer das formas, a rainha estava lá, naquele momento importante, pronta para dar o apoio e bons conselhos que a neta poderia ter pedido à mãe nesta altura. A rainha, por muito que gostasse do imperador Nicolau, arrependia-se muito silenciosamente por a sua "querida Alice" ir viver demasiado longe para a puder visitar. "Eu tenho direito a tê-la," costumava dizer a rainha pateticamente. 

A rainha Vitória com os seus netos de Hesse

A imperatriz, por seu lado, numa carta à princesa Bariatinsky do dia 16 de Julho de 1900, disse sobre a rainha:
A minha avó convidou-nos a ir visitá-la a Inglaterra, mas agora não é decididamente o momento certo para sair do país. Podes imaginar como tenho vontade de ver a carinha querida e velha dela. Nunca estivemos separadas durante tanto tempo - 4 anos inteiros - e tenho a sensação que nunca mais a vou voltar a ver. Se não fosse tão longe eu tinha lá ido sozinha passar alguns dias para vê-la e teria deixado as crianças com o meu marido, já que ela tem sido uma mãe para mim, desde que a mamã morreu há 22 anos.
Ela, que nunca deixava o marido, até pensou em ir sozinha visitá-la, mas as crianças ficaram doentes e ela não pôde levar o seu plano avante.

Alexandra com o seu tio Leopoldo, o filho da rainha Vitória que sofria de hemofilia
Quando soube da morte da rainha, a imperatriz queria ir imediatamente para Windsor com o irmão. Contudo foi persuadida a não o fazer uma vez que se encontrava grávida na altura (a quarta grã-duquesa, Anastásia, nasceu no inicio do verão seguinte). Foi-se muito abaixo durante o serviço fúnebre que se realizou na igreja inglesa de São Petersburgo.
Como te invejo [escreveu ela à sua irmã Vitória] por teres podido ver a querida avó ser levada para o seu último local de repouso. Não consigo acreditar que ela tenha mesmo morrido, que nunca mais a vamos voltar a ver. Parece impossível. Desde que nos lembramos, ela sempre foi a nossa vida e nunca houve um ser mais gentil e querido. O mundo inteiro está de luto por ela. A Inglaterra sem a rainha parece impossível. Estou muito agradecida por ela ter sido poupada a sofrimento físico. Mas moralmente teve muito que suportar este ano. (28 de Janeiro de 1901)
Alexandra com o irmão Ernesto, a irmã Irene e o cunhado Henrique da Prússia
"Ela era a nossa vida" explica o grande vazio que a morte da rainha deixou na imperatriz. Agora não existia nenhuma autoridade mais velha a quem ela pudesse pedir conselhos. Passou a fazer os seus próprios julgamentos e teve de se guiar pela sua própria luz. Desde o seu casamento, a imperatriz tinha-se mantido em contacto com a avó por carta. A rainha Vitória tinha sempre temido que a sua reserva e timidez levariam a que a imperatriz ser incompreendida e foi provavelmente por essa razão que, além do grande interesse que mostrava pela família da imperatriz, a rainha também beneficiava a sua neta preferida com a sua vasta experiência. Todas as cartas trocadas entre a imperatriz e a rainha (as que ela enviou à avó foram-lhe oferecidas depois da sua morte) foram destruídas em Março de 1917 pela própria que não queria coisas que lhe eram tão preciosas nas mãos dos bolcheviques.

Alexandra


Texto retirado do livro "The Life and Tragedy of Alexandra Feodorovna", uma biografia escrita pela baronesa Sofia Buxhoeveden.

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