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Alexandra em Inglaterra na companhia da sua avó Vitória, do tio Eduardo VII, do marido e da filha Olga |
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A morte da avó foi muito lamentada pela imperatriz. A rainha Vitória tinha sempre sido uma ligação especial à mãe de quem ela mal se lembrava, assim como uma avó muito carinhosa. A rainha gostava muito dos seus netos de Hesse e a família achava que a Alice era a sua preferida. O que a rainha sentia era, antes de mais, influenciado pela pena que sentia daquela menina sem mãe. Mas a rainha e a imperatriz também tinham muitas características em comum, algo de que ela se apercebeu rapidamente. A imperatriz Alexandra possuía o coração bondoso da rainha, a sua capacidade de se entusiasmar rapidamente tanto com ideias como com pessoas, o mesmo sentido de dever e a mesma fidelidade nas amizades.
A rainha Vitória sempre mostrou muito interesse pelos seus netos. Sempre se tinha mantido em contacto com as pessoas que os rodeava e tinha assumido um papel importante nas suas vidas. Quando foi a Coburgo para assistir ao casamento do seu neto, o grão-duque de Hesse, é possível que já lhe tivesse ocorrido arranjar um noivado em simultâneo para a princesa Alice. De qualquer das formas, a rainha estava lá, naquele momento importante, pronta para dar o apoio e bons conselhos que a neta poderia ter pedido à mãe nesta altura. A rainha, por muito que gostasse do imperador Nicolau, arrependia-se muito silenciosamente por a sua "querida Alice" ir viver demasiado longe para a puder visitar. "Eu tenho direito a tê-la," costumava dizer a rainha pateticamente.
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A rainha Vitória com os seus netos de Hesse |
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A imperatriz, por seu lado, numa carta à princesa Bariatinsky do dia 16 de Julho de 1900, disse sobre a rainha:
A minha avó convidou-nos a ir visitá-la a Inglaterra, mas agora não é decididamente o momento certo para sair do país. Podes imaginar como tenho vontade de ver a carinha querida e velha dela. Nunca estivemos separadas durante tanto tempo - 4 anos inteiros - e tenho a sensação que nunca mais a vou voltar a ver. Se não fosse tão longe eu tinha lá ido sozinha passar alguns dias para vê-la e teria deixado as crianças com o meu marido, já que ela tem sido uma mãe para mim, desde que a mamã morreu há 22 anos.
Ela, que nunca deixava o marido, até pensou em ir sozinha visitá-la, mas as crianças ficaram doentes e ela não pôde levar o seu plano avante.
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Alexandra com o seu tio Leopoldo, o filho da rainha Vitória que sofria de hemofilia |
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Quando soube da morte da rainha, a imperatriz queria ir imediatamente para Windsor com o irmão. Contudo foi persuadida a não o fazer uma vez que se encontrava grávida na altura (a quarta grã-duquesa, Anastásia, nasceu no inicio do verão seguinte). Foi-se muito abaixo durante o serviço fúnebre que se realizou na igreja inglesa de São Petersburgo.
Como te invejo [escreveu ela à sua irmã Vitória] por teres podido ver a querida avó ser levada para o seu último local de repouso. Não consigo acreditar que ela tenha mesmo morrido, que nunca mais a vamos voltar a ver. Parece impossível. Desde que nos lembramos, ela sempre foi a nossa vida e nunca houve um ser mais gentil e querido. O mundo inteiro está de luto por ela. A Inglaterra sem a rainha parece impossível. Estou muito agradecida por ela ter sido poupada a sofrimento físico. Mas moralmente teve muito que suportar este ano. (28 de Janeiro de 1901).
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Alexandra com o irmão Ernesto, a irmã Irene e o cunhado Henrique da Prússia |
"Ela era a nossa vida" explica o grande vazio que a morte da rainha deixou na imperatriz. Agora não existia nenhuma autoridade mais velha a quem ela pudesse pedir conselhos. Passou a fazer os seus próprios julgamentos e teve de se guiar pela sua própria luz. Desde o seu casamento, a imperatriz tinha-se mantido em contacto com a avó por carta. A rainha Vitória tinha sempre temido que a sua reserva e timidez levariam a que a imperatriz ser incompreendida e foi provavelmente por essa razão que, além do grande interesse que mostrava pela família da imperatriz, a rainha também beneficiava a sua neta preferida com a sua vasta experiência. Todas as cartas trocadas entre a imperatriz e a rainha (as que ela enviou à avó foram-lhe oferecidas depois da sua morte) foram destruídas em Março de 1917 pela própria que não queria coisas que lhe eram tão preciosas nas mãos dos bolcheviques.
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Alexandra |
Texto retirado do livro "The Life and Tragedy of Alexandra Feodorovna", uma biografia escrita pela baronesa Sofia Buxhoeveden.
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