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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Os Ramos da Família Romanov: Os Mikhailovich


Mikhailovich
Miguel Nikolaevich com a sua esposa Olga Feodorovna e cinco dos seus sete filhos

Os Mikhailovich surgiram através do casamento do filho mais novo do czar Nicolau I, o Grão-duque Miguel Nikolaevich com a Princesa Cecília de Baden, uma neta do rei Gustavo IV Adolfo da Suécia. Após o seu casamento e conversão à Igreja Ortodoxa, Cecília mudou o nome para Olga Feodorovna.

Ao contrário dos restantes irmãos, Miguel conseguiu fazer com que o seu casamento resultasse. Ele tinha uma personalidade branda para com a sua esposa e ambos partilhavam vários interesses, principalmente a religião que os unia profundamente. Este entendimento fez com que os Mikhailovich se tornassem no maior ramo da família imperial com o nascimento de sete filhos: seis rapazes e uma rapariga.

Miguel foi nomeado Governador do Cáucaso em 1862 e ficaria neste posto por vinte anos, tendo educado os seus filhos desde muito novos em Tiblisi, na Geórgia. No entanto, o afecto que Miguel demonstrava para com a sua esposa não se transmitia aos seus filhos. Todos, com excepção da sua única filha, Anastásia, foram criados com pulso de ferro, o que os tornou a quase todos extremamente conservadores e pouco preparados para a vida pecaminosa das grandes cidades.

Miguel e Olga

Filhos
Nicolau Mikhailovich
Nicolau era uma figura extremamente respeitada dentro da família imperial russa, apesar dos excessos da sua juventude. Era um historiador consagrado, tendo-se especializado no estudo da vida do seu tio-avô, o czar Alexandre I da Rússia e das pessoas que o rodeavam. Já nos seus 50 anos Nicolau começou a viver uma vida mais pecaminosa, perdendo fortunas no casino de Monte Carlo e arranjando várias amantes por entre as suas numerosas viagens à volta do mundo. Era também durante estas viagens que revelava informações importantes e secretas sobre o governo russo a alguns dos seus amigos. Acabou por não escapar à Revolução Russa. Exilado primeiro para uma pequena cidade na Sibéria de onde seria mais tarde transferido para a Fortaleza de Pedro e Paulo. Foi assassinado, juntamente com o seu irmão Jorge e os seus primos Paulo Alexandrovich e Dmitri Constantinovich no dia 29 de Janeiro de 1919. Nunca se casou nem deixou descendentes conhecidos.

Anastásia Mikhailovna

A única rapariga da família não conseguiu escapar ao escândalo que afectou alguns dos seus irmãos. Os seus irmãos viam-na como a figura maternal que nunca conseguiram encontrar na sua mãe Cecília e ficaram destroçados quando ela, em conjunto com a Grã-duquesa Maria Pavlovna, organizou o casamento da filha com o Grão-duque Frederico Francisco III de Mecklenburg-Schwerin. Embora o casamento tenha corrido bem nos primeiros tempos, a população do Grão-ducado começou a ficar ressentida com Anastásia por passar mais tempo no estrangeiro do que no local governado pelo seu marido. Frederico morreu novo, provavelmente de suícidio. Depois da sua morte, Anastásia deixou o governo nas mãos do seu filho e começou a passar ainda mais tempo afastada. A sua filha Alexandrina tornar-se-ia Rainha da Dinamarca, através do seu casamento com o Rei Cristiano X, e a sua filha Cecília casou-se com o filho mais velho do Kaiser Guilherme II.

Miguel Mikhailovich

Miguel chocou os pais e a família imperial quando se casou com uma mulher com um título muito inferior ao seu, a Condessa Sofia de Merenberg.  Na altura correu o rumor de que a sua mãe, Olga Feodorovna, morreu de ataque cardíaco quando soube da notícia, mas estes foram, mais tarde, desmentidos. Os dois tiveram uma vida calma e agradável em Londres, à semelhança de outros Grão-duques exilados por efectuarem casamentos ilegais e Miguel chegou mesmo a escrever um romance chamado “Never Say Die” sobre o seu casamento proíbido. Teve apenas autorização para regressar à Rússia em 1909 para assistir ao funeral do pai. Ao contrário de outros Grão-duques, Miguel escolheu não regressar à Rússia durante a Primeira Guerra Mundial, oferecendo a sua ajuda a partir de Londres, o que, eventualmente, lhe salvaria a vida durante a Revolução. Uma das suas filhas, Nádia, casou-se com Jorge Mountbatten, Segundo Marquês da Bruma, um sobrinho da Imperatriz Alexandra Feodorovna, de quem teve duas filhas.

Miguel com a sua esposa e três filhos: Anastásia, Nádia e Miguel

Jorge Mikhailovich

Jorge era o mais calmo dos seus irmãos. Prestou serviço militar como era tradição, mas devido a uma lesão na perna teve de se reformar muito novo, o que levou a que o seu primo Nicolau II o nomeasse director do recém-criado Museu Alexandre III. Na sua juventude apaixonou-se por uma Princesa, descendente da antiga família real da Geórgia, mas as regras da família Romanov impediam-no de se casar com alguém pertencente a uma família real já extinta. Foi então que conheceu a Princesa Maria da Grécia e Dinamarca, uma prima distante. Ela nunca esteve interessada no primo, mas também ela tinha sido impedida de se casar com um plebeu na sua juventude, por isso acabou por aceitar o pedido de casamento do primo. Jorge tinha já 37 anos. O casamento foi tolerável nos primeiros tempos e gerou duas filhas, Nina e Xenia. No entanto Maria usava todas as desculpas para passar longas temporadas em Londres, longe do marido e sempre acompanhada das filhas. Era lá que ela estava quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, por isso Jorge não teve oportunidade de se despedir das filhas antes do seu assassinato em Janeiro de 1919 às mãos dos bolcheviques.

Jorge com a esposa Maria e a filha Nina

Alexandre Mikhailovich

Conhecido por Sandro dentro da família, Sandro era talvez o Mikhailovich mais conhecido devido ao seu casamento com a prima em segundo grau, a Grã-duquesa Xenia Alexandrovna, filha do Czar Alexandre III e, até vários anos depois do seu casamento, a irmã preferida de Nicolau II. Juntos tiveram sete filhos, mas o casamento começou a desfazer-se depois do nascimento do último. Alexandre dispensou ter qualquer influência política durante o reinado do seu cunhado por discordar das visões dele. Passou grande parte da sua vida entre o Sul de França e a Crimeia, tendo conseguido escapar à Revolução Russa por se encontrar refugiado aí. A sua filha, Irina Alexandrovna, casou-se com o Príncipe Félix Youssupov, um dos assassinos de Rasputine. Era extremamente chegado ao seu primo, o Grão-duque Paulo Alexandrovich, e o seu terceiro filho, Feodor, acabou por se casar com a filha dele, Irina Pavlovna Paley.

Alexandre com a esposa e cinco dos seus filhos

Sérgio Mikhailovich

Sérgio protagonizou o seu próprio escândalo quando chegou a São Petersburgo, vindo da sua educação rigorosa no Cáucaso. Desde sempre um companheiro do seu primo Nicolau II, Sérgio tinha conhecido a amante dele, Mathilde Kschenssinka. Quando Nicolau se decidiu casar com a Princesa Alice de Hesse-Darmstadt, pediu a Sérgio que tomasse conta dela, o que ele fez imediatamente. Entretanto os dois ficaram cada vez mais próximos e começaram o seu próprio caso. Mais tarde um outro primo de Sérgio, O Grão-duque André Vladimirovich, também a conheceu e também ele se apaixonou com ela, o que causou uma rivalidade entre os dois primos. Eventualmente Mathilde ficou grávida, mas não sabia qual dos dois poderia ser o pai. No fim escolheu André e os dois casaram-se em Paris. Desfeito, Sérgio nunca se casou. Foi também assassinado por bolcheviques, no dia 18 de Julho de 1918.

Aleksei Mikhailovich

Aleksei era o mais novo dos irmãos e, segundo Alexandre Mikhailovich, o mais adorado. Tinha uma mentalidade e coração liberais e sofria mais do que os seus irmãos com a indiferença que recebia dos pais. Em 1894 começou a dar os primeiros sintomas do que mais tarde se descobriu ser Tuberculose. Na altura estava quase a acabar o seu treino naval e o seu pai impediu-o de regressar a casa para se recuperar. Em 1895 a sua condição já tinha piorado drasticamente. Acabou por morrer em Março desse ano, aos 19 anos de idade. A primeira vez que vestiu o seu uniforme da marinha foi no caixão.

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