Quando foi decidido prender a família Romanov em Ekaterinburgo, uma cidade mineira no centro da Sibéria, os bolcheviques escolheram uma casa localizada no centro histórico da cidade na Rua Voznessenki para ser usada como prisão.
O nome da casa vem do nome do seu proprietário, Nikolai Ipatiev. Este homem viveu com a sua família no primeiro andar da casa e usou os quartos subterrâneos como escritórios para o seu negócio de metalúrgica. Era uma casa espaçosa (18 por 31 metros quadrados) e moderna com electricidade, telefone e até uma casa-de-banho com lavatório (muito raro na altura). A casa tinha também um terraço e um pequeno jardim com algumas árvores e arbustos.
A vedação de madeira da casa Ipatiev
A casa foi construída em 1897 por um homem chamado Andrei Redikortsev, que era um engenheiro nas minas de ferro. Mas Andrei estava envolvido em casos de corrupção e foi obrigado a vendê-la a outro homem, IG Charaviev. Este homem também trabalhava no negócio mineiro, mas nas minas de prata no Oeste dos Montes Urais. Em 1908, Charaviev vendeua casa a Nikolai Ipatiev por 6000 rublos.
Dez anos depois, no dia 27 de Abril, os bolcheviques ordenaram a Nikolai que abandonasse a sua casa dentro de dois dias depois de guardar todos os seus bens num pequeno quarto fechado no andar de baixo, mesmo ao lado da cave
a casa Ipatiev na cidade de Ekaterinburgo
A família imperial viveu na casa desde Abril até Julho, sob condições lastimáveis onde faltavam a privacidade e o respeito. Todos os dias tinham apenas uma hora para abandonar o seu interior e passear pelo jardim.
o jardim da casa Ipatiev
Na casa as quatro Grã-Duquesas partilhavam um quarto enquanto que os seus pais e Alexis se reuniam noutro. Quase todos os dias os bolcheviques surpreendiam a família e os poucos acompanhantes que restavam com inspecções surpresa.
patamar superior
A família foi assassinada na cave da casa na madrugada do dia 18 de Julho de 1918. Nas suas paredes, um dos carrascos escreveu:
"E na mesma noite, Belsaczar foi morto pelos seus próprios escravos"
Trata-se de uma referência ao último rei da Babilónia, Belsazar, onde foi acrescentada deliberadamente a palavra "czar.
cave da Casa Ipatiev após o assassinato
Outras imagens da casa:
sala de desenho
sala de jantar
quarto das Grã-Duquesas
quarto de Nicolau, Alexandra e Alexis
detalhe da parede do quarto do czar
Após a morte dos Romanov a casa teve muitos usos.
Logo em 1923, as fotografias da casa foram espalhadas pela imprensa Sovietica como “o último palácio do último czar”. Em 1927, a casa foi introduzida num ramo do Museu da Revolução dos Montes Urais. Depois disso tornou-se numa escola de agricultura para, em 1938, se transformar num museu Anti-religioso. Durante este período era costume os membros do partido comunista que visitavam a casa tirar fotografias junto da parede danificada pelos assassinatos do czar e da família na cave. Em 1946 tornou-se a sede do Partido Comunista local. Em 1974 foi oficialmente registada como “Monumento Histórico da Revolução”, no entanto, para embaraço do governo, a casa estava a tornar-se um popular local de peregrinação para aqueles que queriam honrar a memória da família imperial.
Em 1978, à medida que o 60º aniversário da execução da família se aproximava, o Politiburo decidiu tomar medidas, declarando que a casa não tinha “importância histórica suficiente” e ordenou a sua demolição. Esta tarefa passou para as mãos de Boris Iéltsin, responsável pelo partido local que demoliu a casa em Julho de 1977. Mais tarde ele escreveu nas suas memórias publicadas em 1990 que, “mais cedo ou mais tarde todos estaremos envergonhados com este exemplo de barbaridade”. Mas apesar desta acção, os peregrinos continuavam a chegar ao local, muitas vezes em segredo, a meio da noite. Muitos deixavam as suas lembranças no local vazio.
Após a queda da União Soviética foi erguida uma cruz no local onde se encontrava a cave, de forma a não esquecer as atrocidades lá cometidas. No momento em que esta cruz foi colocada, existem relatos de que, no meio do dia cinzento e cheio de nuvens, um raio de sol a iluminou durante 40 minutos apesar de o dia continuar escuro.
Mais tarde seria construída a Igreja do Sangue Derramado de Todos os Santos perto do local para que todos pudessem prestar a devida homenagem aos Romanov.
barbaridade.
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