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quinta-feira, 5 de março de 2015

Os descendentes dos Romanov ainda ocupam algum trono?

Cristiano X da Dinamarca com a sua sogra, a grã-duquesa Anastásia Mikhailovna e a a esposa, a princesa Alexandra de Mecklenburg-Schwerin
A resposta a esta pergunta pode surpreender alguns e não ser grande novidade para outros, mas é um grande e extenso sim. Neste momento, algumas das famílias reais mais conhecidas da Europa descendem de algum membro da família Romanov. Vamos explorar as relações familiares que os actuais reis e rainhas da Europa têm com a desaparecida família imperial russa.

Dinamarca
A rainha Margarida II da Dinamarca com os seus descendentes em 2014
Dentro das famílias reais que ainda estão no trono, a da rainha Margarida II é a que possui uma relação mais directa com os Romanov. A sua avó materna era a princesa Alexandrina de Mecklenburg-Schwerin, filha da grã-duquesa Anastásia Mikhailovna. Esta não era a grã-duquesa que foi imortalizada em filmes e livros, mas sim a única filha do grão-duque Miguel Nikolaevich, filho do czar Nicolau I, que reinou no Império Russo entre 1825 e 1855.

Mas as ligações não terminam por aqui. A rainha Margarida é também sobrinha-bisneta da imperatriz Maria Feodorovna, uma princesa dinamarquesa, filha do rei Cristiano IX, que se casou com o czar Alexandre III. Maria Feodorovna era mãe do último czar da Rússia, Nicolau II, e avó da Anastásia dos filmes.

Para terminar as ligações familiares, Margarida II é também pentaneta de outra grã-duquesa russa: Helena Pavlovna, filha do czar Paulo I e neta da imperatriz Catarina, a Grande.

Holanda
O rei Guilherme-Alexandre da Holanda com a mãe, a rainha Beatriz, a esposa Máxima e as filhas Catarina-Amália, Alexia e Ariane
As famílias reais da Dinamarca e da Holanda têm uma antepassada Romanov em comum: a grã-duquesa Helena Pavlovna. Enquanto que, no caso de Margarida II, esta ligação surge pelo lado da sua avó materna, Beatriz é quadraneta da grã-duquesa russa através do seu avô materno, o príncipe Henrique de Mecklenburg-Schwerin, que era também o meio-irmão mais novo de uma outra figura muito conhecida da família Romanov: a grã-duquesa Maria Pavlovna, esposa do grão-duque Vladimir Alexandrovich da Rússia e matriarca do clã familiar rival de Nicolau II: os Vladimirovich.

No entanto, existe uma ligação familiar ainda mais próxima com a dinastia russa: a avó materna de Beatriz, a rainha Guilhermina da Holanda, era neta de outra filha do czar Paulo I, a grã-duquesa Ana Pavlovna da Rússia, que se casou em 1816 com o rei Guilherme II da Holanda.

Reino Unido
A família real britânica em 2012
Embora não seja muito comum ver os Windsor a conviver com outras famílias reais europeias, a sua ligação aos Romanov é também bastante forte, começando logo pelo marido da rainha Isabel II, o príncipe Filipe, duque de Edimburgo que é, nada mais nada menos, sobrinho-neto tanto da imperatriz Alexandra Feodorovna como da grã-duquesa Isabel Fedorovna. Além disso, é neto da grã-duquesa Olga Constantinovna, rainha da Grécia e sobrinho da grã-duquesa Alexandra Georgievna, a primeira esposa do grão-duque Paulo Alexandrovich, filho mais novo do czar Alexandre II. As ligações são tantas e tão próximas que este blog já lhes dedicou um artigo em 2012.

A rainha Isabel II tem também a sua quota parte de ligações aos Romanov, embora não sejam tão directas. A sua bisavó, a princesa Alexandra da Dinamarca, era irmã mais velha da czarina Maria Feodorovna e o seu avô, Jorge V, era tão parecido fisicamente com o seu primo direito, o czar Nicolau II, que os dois eram muitas vezes confundidos.

Dentro da família real britânica existe também um ramo com ligações aos Romanov: os primos direitos da rainha, o duque de Kent, a princesa Alexandra e o príncipe Michael de Kent. Filhos do príncipe Jorge, duque de Kent, e da princesa Marina da Grécia e da Dinamarca, são netos do príncipe Nicolau da Grécia e da Dinamarca e da grã-duquesa Helena Vladimirovna da Rússia, o que os torna bisnetos da grã-duquesa Maria Pavlovna e do grão-duque Vladimir Alexandrovich da Rússia e trinetos do czar Alexandre II, o Libertador.

Eduardo, duque de Kent, a princesa Alexandra, Honourable Lady Ogilvy e o príncipe Michael de Kent
Espanha
A família real espanhola em 2007
Há uma característica que salta logo à vista quando pensamos nas ligações entre a família real espanhola e os Romanov: a hemofilia. Além da Rússia, também a Espanha teve um herdeiro ao trono que padeceu desta doença em inícios do século XX: Afonso, príncipe das Astúrias. Filho do rei Afonso XIII e da rainha Vitória Eugénia, a doença surgiu pelo lado da rainha Vitória. A czarina Alexandra Feodorovna e a rainha Vitória Eugénia eram primas direitas e ambas sofreram na pele as consequências públicas e privadas que a hemofilia trouxe às suas vidas.

Em termos de relações familiares propriamente ditas, elas também existem. A rainha Sofia de Espanha é filha do rei Paulo I da Grécia e da princesa Frederica de Hanôver. O seu pai era neto da grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia, rainha da Grécia entre 1867 e 1913.  

Grécia
A família real grega
Embora tenham perdido o seu trono em 1973, as ligações da família real grega aos Romanov merecem, sem dúvida, uma menção honrosa.

Para começar, a antiga rainha, Ana Maria, esposa de Constantino II, é irmã mais nova da rainha Margarida II da Dinamarca, portanto todas as relações familiares especificadas mais acima também se aplicam a ela.

Constantino II é, por seu lado, irmão mais velho da rainha Sofia de Espanha, e, por isso, é também bisneto da grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia.

Antepassados Romanov

Helena Pavlovna, filha de Paulo I e antepassada das famílias reais da Dinamarca e da Holanda
Ana Pavlovna, irmã mais nova de Helena e antepassada da família real holandesa
Anastásia Mikhailovna, antepassada da família real dinamarquesa
Olga Constantinovna: antepassada das famílias reais do Reino Unido, Espanha e Grécia
A família de Nicolau II e Alexandra Feodorovna pode ter sido dizimada na fatídica madrugada de 16 de Julho de 1918, mas esse acto não foi capaz de eliminar por completo o sangue dos Romanov que, ainda hoje, se mantém forte e no poder em vários países da Europa e promete permanecer assim pelo menos durante mais uma geração.

22 comentários:

  1. É bom saber disto.
    Eu já sabia, é claro, que os Romanov não tiveram sido "extintos por completo", mas não sabia com esta riqueza de detalhes.

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  2. Lindo Romanov Family. À época,um homem poderoso e tido como mais rico aliados a um estilo de vida descentes.

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  3. A monarquia vai voltar na Rússia. Será uma monarquia controlada pela MGB - FSB (KGB) de Putin.

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  4. quando vi as fotos dos romanov, tive a impressao de ser muito proximo a eles e ate chorei de saudades de uma familia que morreu quase cinquenta anos antes de eu nascer. como pode isso?

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    1. Senti a mesma coisa, mas senti ligação com a Maria.

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    2. Conheço um senhor de sobrenome Amor (Roma ao contrário). O pai dele era russo, e não contava sua história nem porquê veio para o Brasil. Apagou todos os vestígios de sua origem. Seria um Romanov querendo se esconder? Seria possível isso?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. A morte dos Romanov foi uma tragédia nos prejudica até hoje pois abriu caminho para o comunismo.

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    1. A Rússia ensina: o comunismo/socialismo nada mais é que o substituto semelhante da autocracia absolutista.

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  7. Ótimo texto, sempre fui interessada nos Romanovs, mas não sabia dessa riqueza de ligações. Muito bom!!!

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  8. E pensar que meus antepassados vieram parar no Brasil porque meu bisavô era partidário da familia Romanov....Não se se é pra rir ou pra chorar....

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  9. Esqueceu de citar da agente romanov dos vingadores

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  10. Não acredito que o czarismo regresse à Rússia. Espero sinceramente que a democracia se instale definitivamente. O czar cometeu erros brutais durante o seu reinado, mas o governo bolchevique não tinha necessidades de os assassinar. Bastava deixa Los partir para o exílio. Só tinha ficado bem a Lenine mostrar compaixão. Mas o destino não quis assim e como diz o velho ditado quem com ferros mata, com ferros morre. Lenine foi baleado e a sua morte foi devida à consequência desse incidente. História triste porque os filhos não têm culpa dos erros dos pais. Lenine podia ter posto o czar e a czarina em prisão domiciliária e ter deixado as crianças partirem com o resto de família para o exílio. Ao dar a ordem de matar todos os romanov cometeu o mesmo erro do czar com os seus prodgroms.

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  11. Os czares foram vítimas do seu próprio sistema místico-totalitarista. Em outras palavras, o comunismo/socialismo nada mais é que o substituto semelhante da autocracia absolutista.

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  12. A história dos romanov além de ser muito interessante ao mesmo tempo é muito triste.

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  13. para ser mais exato, quase, senão todas as famílias imperiais da europa antiga tem uma ligação, inclusive a casa real brasileira tinha parentesco com a russa e a inglesa, eram primos

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  14. O livro "Os Románov" de Simon Sebag Montefiore conta a história dos Románov de 1613 a 1918. Excelente leitura.

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