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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Off-topic - Excerto de "Queen Victoria's Children" de John Van Der Kiste (Biografia da Rainha Vitória - Parte Um)

"Os avós da rainha Vitória, o rei Jorge III e a rainha Carlota, tiveram quinze filhos. Destes, doze chegaram à maioridade. As cinco filhas ficaram solteiras ou não tiveram filhos. Dos seus sete irmãos, apenas três tiveram casamentos válidos aos olhos das leis de sucessão, aprovadas pelo rei em 1772, uma salvaguarda contra alianças inadequadas. Entre estes, apenas podiam contar uma neta legítima ou reconhecida oficialmente - a princesa Carlota de Gales, resultado do casamento tumultuoso do príncipe regente (o futuro Jorge IV) com Carolina de Brunsvique.

Jorge III e Carolina de Brunsvique com os 6 filhos mais velhos
Em maio de 1816, Carlota casou-se com o belo e sério Leopoldo de Saxe-Coburgo- Gota Saalfeld. A união foi popular, uma vez que o príncipe Leopoldo representava uma mudança agradável em relação aos tios envelhecidos e devassos da sua esposa. Porém, a sua felicidade estava destinada a ser tragicamente breve. Dezoito meses após o casamento, ela deu à luz um rapaz natimorto e morreu no parto.


Carlota de Gales com o seu marido, Leopoldo
Foram raras as ocasiões que o país se juntou de forma tão unânime na dor por uma morte na realeza. A grande família do rei Jorge III não passava agora de uma sombra cega e demente e parecia que caminhava para a sua extinção. O príncipe regente e a sua esposa não poderiam ter mais filhos e os duques de Iorque (Frederico) e de Cumberland (Ernesto Augusto) tinham casamentos válidos, mas sem filhos. Tentados pela perspetiva de rendimentos parlamentares generosos em troca do cumprimentos dos seus deveres dinásticos, os outros três duques estavam preparados para deixar as suas amantes e procurar esposas adequadas.

Em julho de 1818, Eduardo, o duque de Kent, casou-se com a irmã mais velha de Leopoldo, Vitória, a princesa viúva de Leiningen. Os duques de Clarence (Guilherme) e de Cambridge (Adolfo) também se casaram com princesas alemãs nesse ano e, em 1819, nasceram quatro bebés no seio da família real. Todas as três duquesas e a duquesa de Cumberland deram filhos aos seus maridos nessa primavera. Em março, nasceu a princesa Carlota de Clarence, mas viveu apenas algumas horas. Ao contrário desta, o príncipe Jorge de Cambridge era um bebé saudável que viveu até à idade madura de oitenta e quatro anos. A estes nascimentos, seguiram-se mais dois em maio, O segundo destes nascimentos foi o do príncipe Jorge de Cumberland, uma criança delicada que mais tarde sobreu de cegueira e foi o último rei de Hanôver.

Eduardo, Duque de Kent, o pai da rainha Vitóri
Vitória de Kent, a mãe da rainha Vitória

Três dias antes, a 24 de maio, tinha nascido a princesa Alexandra Vitória de Kent no Palácio de Kensington.

À semelhança da sua prima Carlota, Vitória seria filha única. Os duques de Kent, completamente falidos, passaram o inverno desse ano na vila costeira de Sidmouth em Devon, onde o custo de vida era consideravelmente mais baixo do que em Londres. Com alguma ironia, o duque era cuidadoso em relação à saúde da sua família, mas bastante descuidado com a sua. Uma constipação evoluiu para uma pneumonia pouco depois de ter chegado a Devon. O príncipe, que se vangloriava frequentemente dizendo que viveria mais tempo do que todos os seus irmãos, morreu a 23 de janeiro de 1820 com cinquenta e dois anos. Seis dias depois, o rei Jorge III seguiu-o para a sua morte.

A rainha Vitória em criança
O príncipe regente subiu ao trono como rei Jorge IV. O seu herdeiro era Frederico, o duque de Iorque cuja esposa morreu nesse ano. O segundo na linha de sucessão era Guilherme, o duque de Clarence. Todos pensavam que era apenas uma questão de tempo até que Adelaide, a sua esposa lhe desse um herdeiro, uma vez que ele já era pai de dez filhos saudáveis com a sua amante, a atriz Dorothy Jordan que na altura tinha já falecido. Infelizmente, para os duques de Clarence, nenhum dos seus filhos sobreviveu para além da infância. Assim, em 1825, o Parlamento reconheceu que a princesa Vitória seria certamente a sucessora do duque de Clarence no trono e concedeu um rendimento de 6000 libras anuais à duquesa de Kent para as despesas da filha.

Em 1827, Vitória aproximou-se do trono com a morte do duque de Iorque. Três anos depois, o rei Jorge IV morreu e o duque de Clarence sucedeu-o no trono como rei Guilherme IV.

Guilherme IV, tio de Vitória

A infância de Vitória foi solitária, com poucos companheiros que se aproximassem da sua idade. A sua meia-irmã, a princesa Feodora, doze anos mais velha do que ela, casou-se com o príncipe Ernesto de Holenlohe-Langenburg em 1828 e foi viver para a Alemanha. Depois disso, a única companheira permanente de brincadeira de Vitória era Victoire Conroy, a filha do controlador da duquesa de Kent. Porém, esta amizade foi corrompida pelo comportamento sem escrúpulos de Sir John Conroy. Muitos acreditavam - e a própria princesa Vitória talvez o suspeitasse- que sua lealdade à duquesa era excessivamente familiar. Era pouco provável que os dois fossem amantes, mas o ambicioso Sir John insinuava-se certamente de outras formas. Quando tinha dezasseis anos, Vitória ficou gravemente doente com febre tifóide. Quando ainda convalescia, ele tentou obrigá-la a assinar um documento que o tornaria seu secretário quando ela se tornasse rainha. Horrorizada com esta atitude dele e da sua mãe que se aproveitavam da sua doença para fazer exigências tão autoritárias, ela recusou-se a assinar sem qualquer dúvida. Este episódio causou danos incalculáveis na relação de Vitória com a sua mãe.

Sir John Conroy
A única amiga verdadeira de Vitória enquanto crescia foi Louise Lehzen que se tinha mudado para a Inglaterra para ser governanta de Feodora. Em 1824 foi também nomeada governanta de Vitória e, seis anos mais tarde, tornou-se dama de companhia da Duquesa de Kent. A princesa confiava em Louise e considerava-a uma confidente de confiança, principalmente quando as tentativas de coerção por parte de John Conroy lhe fizeram a vida ainda mais negra. No seu diário de infância - que foi muito provavelmente escrito tendo em consideração que a sua mãe o inspecionava regularmente e, assim, escrito com cuidado - havia mais referências à "querida Lehzen" do que à "querida Mamã".

Louise Lehzen
A única influência masculina permanente na vida de Vitória era a do seu tio Leopoldo. Apesar de se ter casado uma segunda vez (com Luísa, a filha do rei Luís Filipe de França) e de ter sido eleito rei dos belgas em 1831, ele manteve correspondência regular com a sua irmã duas vezes viúva e com a sua jovem sobrinha. Todos os anos escrevia-lhe uma longa carta no seu aniversário, cheia de afeto e de bons conselhos avunculares, ainda que os exprimisse de forma algo afetada. Quando ele visitou a Inglaterra com a rainha Luísa em setembro de 1835, a princesa ficou completamente encantada: "Que felicidade é atirar-me para os braços do meu tio mais querido que sempre foi como um pai para mim e que adoro com tanto carinho".

Leopoldo I da Bélgica, o tio adorado de Vitória
O facto de Vitória não ter conseguido criar uma relação próxima do excêntrico, mas bondoso rei Guilherme e com a rainha Adelaide não era culpa de nenhum deles. A duquesa de Kent e John Conroy evitavam de forma ostentosa a corte o mais que podiam, ao que parece porque não queriam que Vitória se aproximasse de um monarca que tinha tantos filhos ilegítimos. Durante o reinado de Guilherme, John Conroy organizou uma série de viagens não oficiais que tinham como propósito apresentar a princesa aos seus futuros súbditos. Conroy não pediu autorização ao rei Guilherme para fazer isto, o que enfureceu o rei uma vez que parecia que estava a montar uma corte rival. Apesar utilidade que estas viagens tiveram para Vitória, uma vez que a fizeram conhecer o seu país em primeira mão, ela ficou furiosa ao saber o mau estar que tinham causado.

A contenda atingiu o seu auge no verão de 1836. O rei convidou a sua cunhada e a princesa para o aniversário da rainha em Windsor que seria celebrado no dia 13 de agosto e pediu que ficassem como convidadas até ao dia 21 de agosto, o aniversário do rei e para um jantar no dia seguinte. A duquesa ignorou o aniversário da rainha Adelaide e mandou avisar que só chegaria no dia 20 de agosto. O rei ficou furioso com esta descortesia para com a sua esposa e, após um brinde feito à sua saúde durante o seu jantar de aniversário, levantou-se e fez um discurso ressentido onde anunciou que desejava viver mais nove meses para que não houvesse uma regência. Assim, teria a satisfação de "deixar a autoridade real nas mãos daquela jovem (apontando para a sua sobrinha)... e não nas mãos de uma pessoa próxima que está rodeada de conselheiros maldosos e que é ela própria incompetente para agir corretamente no lugar onde seria colocada. Depois de declarar veementemente que a mesma pessoa o tinha insultado de forma contínua e que estava determinado a fazer com que a sua autoridade fosse respeitada no futuro, acabou o discurso num tom mais amigável, porém os estragos estavam feitos. A rainha Adelaide ficou envergonhada, a princesa Vitória alagou-se em lágrimas e a duquesa permaneceu calada e sem expressão. Quando o jantar terminou, a duquesa foi buscar a sua filha e anunciou que as duas iam embora imediatamente.

Vitória aos 17 anos em 1836
Apesar da sua saúde frágil, o desejo do rei foi concedido. Vitória atingiu a maioridade a 24 de maio de 1837 e, assim, pôs-se de parte a hipótese de uma regência. O rei Guilherme ofereceu-lhe um rendimento anual de 10 000 libras e uma residência independente da sua mãe. A duquesa e John Conroy tentaram mais uma vez em desespero criar um período de regência até Vitória fazer 21 anos, alegando que ela era demasiado nova, inexperiente e desequilibrada para reinar. As tentativas para fazer a princesa concordar "voluntariamente" fizeram com que ela deixasse de falar com a sua mãe durante algum tempo. John Conroy e Vitória tentaram, de forma absurda, conseguir o apoio de Leopoldo para os seus planos. Ciente de que estava a ser preparada uma conspiração, ele enviou o seu conselheiro de confiança, o barão Stockmar a Londres. O barão falou com ambas as partes e viu que a princesa estava a ser intimidada. As discussões e conspirações continuaram durante quase um mês e Conroy ainda tentou persuadir alguns membros mais antigos do Parlamento a juntar-se à sua causa. Quase sem exceção, eles aliaram-se a Stockmat e à futura rainha.

A 20 de junho, pouco depois das duas da manhã, o rei Guilherme IV faleceu no Castelo de Windsor. O arcebispo da Cantuária e o lord chamberlein, Lord Conyngham, foram até ao Palácio de Kensignton e exigiram ver "a Rainha". Vitória acordou de sobressalto e vestiu rapidamente uma camisa para receber a notícia.

Vitória recebe a notícia da morte do tio e da sua ascensão ao trono

O livro Queen Victoria's Children de John Van Der Kiste está disponível aqui.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Four Sisters - The Lost Lives of the Grand Duchesses de Helen Rappaport


No dia 27 de Março foi publicado no Reino Unido um novo livro sobre as quatro filhas do czar Nicolau II da Rússia. "Four Sisters" foi escrito por Helen Rappaport, que tinha já escrito sobre este tema no seu livro "Ekaterinburg: The Last Days of the Romanovs".

O livro tem sido bem recebido por críticos e seguidores da família imperial e é o mais vendido na categoria de política russa no site Amazon.co.uk.

Actualmente pode ser adquirido a partir de £9.33 + portes de envio através do seguinte link:http://www.amazon.co.uk/gp/product/0230768172/ref=ox_sc_act_title_1?ie=UTF8&psc=1&smid=A3P5ROKL5A1OLE.

domingo, 16 de março de 2014


"O destino da antiga família imperial foi discutido por volta da mesma altura em que Kerensky os visitou. Um dos primeiros pedidos para a libertação dos Romanov que chegou do estrangeiro foi realizado pelo kaiser Guilherme e da sua esposa, a imperatriz Augusta Vitória. Apesar de a Rússia e a Alemanha serem inimigos, Guilherme ofereceu ao seu primo e à sua família exílio em Berlim. Anos mais tarde, Guilherme disse: ´Ordenei que o meu chanceler tentasse entrar em contacto com o governo de Kerensky através de canais neutros, para o informar de que, se alguém tocasse num cabelo que fosse da família imperial, iria responsabilizá-lo se tivesse essa possibilidade.´

Mas Alexandra nunca conseguiu perdoar os defeitos de Guilherme e nunca conseguiu colocar de lado o ódio que sentia por tudo o que era alemão. Ficou indignada com a proposta, afirmando: ´Depois de tudo o que eles fizeram ao czar, prefiro morrer na Rússia do que ser salva pelos alemães.´ Quando o plano falhou, Guilherme admitiu: ´O sangue do infeliz czar não é da minha responsabilidade. Não está nas minhas mãos.´"

"Imperial Requiem - Four Royal Women, The Fall of the Age of Empires" de Justin C. Vovk