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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

8 Curiosidades sobre Catarina, a Grande


Catarina II da Rússia (1729-1796) foi uma das governantes mais improváveis da História. Depois de se casar e entrar para a família Romanov na Rússia, viu-se no centro de um golpe de estado para retirar o seu marido do trono e coloca-la a ela no seu lugar. As conquistas conseguidas durante o seu reinado, que durou trinta-e-quatro anos, são muitas vezes ofuscadas pela sua vida pessoal que é vista como uma das mais escandalosas da sua e de outras épocas. No entanto, por detrás dos rumores e dos mexericos, encontra-se uma das governantes mais astutas e capazes da longa e turbulenta História da Rússia. Agora, 250 anos depois de ter subido ao trono a 9 de Julho de 1762, fique a saber algumas curiosidades sobre Catarina, a Grande.


1. O nome de Catarina, a Grande não era Catarina e ela nem sequer era russa.

A mulher que ficaria para a História como Catarina, a Grande, a mulher que durante mais tempo governou na Rússia, era na verdade a filha mais velha de um príncipe prussiano que estava na miséria. Nascida em 1729, Sofia de Anhalt-Zerbst recebeu várias propostas de casamento graças às origens nobres da sua mãe. Em 1744, quando tinha quinze anos de idade, Sofia recebeu um convite da czarina Isabel, filha do czar Pedro, o Grande da Rússia, que tinha subido ao trono três anos antes graças a um golpe de estado, para a visitar na Rússia. Isabel, que era solteira e não tinha filhos, tinha escolhido o seu sobrinho Pedro como herdeiro e estava agora à procura de uma noiva para ele. Sofia, que recebeu uma educação excelente da sua mãe e estava ansiosa por agradar os seus anfitriões, causou imediatamente um grande impacto em Isabel, mas não no seu futuro marido. O casamento realizou-se a 21 de Agosto de 1745 e a noiva teve de se converter à Igreja Ortodoxa Russa, mudando de nome para Ekaterina, ou Catarina.

Catarina com o seu marido, o futuro czar Pedro III
2. É provável que o filho mais velho – e herdeiro – de Catarina fosse ilegítimo

Catarina e o seu novo marido tiveram um casamento conturbado desde o início. Apesar de a jovem princesa prussiana ter sido importada para dar à luz um herdeiro, passaram oito anos sem que o casal tivesse filhos. Alguns historiadores acreditam que Pedro não conseguiu consumar o casamento enquanto outros defendem que era infértil. Profundamente infelizes na sua vida conjugal, Pedro e Catarina começaram a ter casos amorosos com outras pessoas, ela com Sergei Saltykov, um oficial do exército russo. Quando Catarina deu à luz um filho, Paulo, em 1754, surgiram rumores de que o pai da criança era Saltykov e não Pedro. Nas suas memórias, Catarina deu crédito a este rumor, chegando mesmo a afirmar que a imperatriz Isabel a tinha ajudado a encontrar-se com Saltykov. Embora hoje em dia os historiadores sejam da opinião que as afirmações de Catarina tinham como único objectivo descredibilizar Pedro e que ele era realmente o pai biológico de Paulo, existem poucas dúvidas relativamente aos restantes três filhos de Catarina: acredita-se que nenhum deles era filho de Pedro.


3. Catarina chegou ao poder num golpe de estado sem derramamento de sangue que, mais tarde, se tornou mortal

Isabel morreu em Janeiro de 1762 e o seu sobrinho sucedeu-a como Pedro III, tendo Catarina como consorte. Ansioso por deixar a sua marca na nação, terminou imediatamente a guerra que a Rússia estava a travar contra a Prússia, uma decisão que foi muito mal recebida pela classe militar do país. O seu plano de implementar um programa de reformas internas liberais que tinha como objectivo melhorar a qualidade de vida das classes mais baixas da Rússia também prejudicava membros da baixa nobreza. À medida que as tensões iam aumentando, surgiu o plano de tirar Pedro do poder. Quando a conspiração foi descoberta em Julho de 1762, Catarina movimentou-se rapidamente, conquistando o apoio do regimento militar mais poderoso do país que conseguiu fazer com que o seu marido fosse preso. A 9 de Julho, apenas seis meses depois de se tornar czar, Pedro abdicou e Catarina foi proclamada governante única. No entanto, aquele que tinha sido um golpe de estado sem derramamento de sangue não demorou a causar vítimas. A 17 de Julho, Pedro foi assassinado por Alexei Orlov, irmão do amante de Catarina, Gregory. Apesar de não existirem provas de que Catarina soubesse do assassinato antes deste acontecer, o acontecimento ensombrou o início do seu reinado.


4. Catarina enfrentou mais de doze revoltas durante o seu reinado.

Entre as muitas revoltas que ameaçaram o reinado de Catarina, a mais perigosa foi a que sucedeu em 1773, quando um grupo de cossacos e camponeses armados liderados por Emelyan Pugachev se revoltaram contra as condições sociais e económicas difíceis que viviam a classe mais pobre da sociedade russa, os servos. Tal como aconteceu com muitas das outras revoltas que Catarina enfrentou, a Revolta de Pugachev questionou a validade do seu reinado. Pugachev, um antigo oficial do exército, dizia ser o deposto Pedro III, que todos acreditavam estar morto, e, por isso, era ele o herdeiro legítimo do trono. Um ano depois de dar início à sua campanha, Pugachev já tinha conseguido juntar milhares de apoiantes e conquistado uma parque significativa do território, incluindo a cidade de Kazan. Inicialmente, Catarina preocupou-se com a revolta, mas não demorou a responder com força. Enfrentados pelo grande exército da Rússia, os apoiantes de Pugachev acabariam por abandoná-lo e ele acabaria preso e executado em público em Janeiro de 1775.


5. Ser amante de Catarina dava grandes lucros.

É conhecida a fama de Catarina ser fiel aos seus amantes, tanto durante a sua relação como depois de esta terminar. Normalmente, Catarina terminava as suas relações nos melhores termos com os seus parceiros, dando-lhes títulos, terras, palácios e até pessoas – chegou a presentear um antigo amante com mais de 1000 servos, ou escravos. Mas talvez aquele que mais lucrou tenha sido Estanislau Poniatowski, um dos seus primeiros amantes e pai de um dos seus filhos. Membro da nobreza polaca, Poniatowski envolveu-se com Catarina (que ainda não tinha chegado ao trono) quando foi enviado para a embaixada britânica em São Petersburgo. Mesmo quando um escândalo provocado em parte pela sua relação o obrigou a deixar a corte russa, os dois continuaram próximos. Em 1763, muito depois do final da sua relação e um ano depois de Catarina chegar ao trono, a imperatriz apoiou Poniatowski financeira e militarmente no seu esforço para se tornar rei da Polónia, o que acabaria por acontecer. No entanto, assim que chegou ao trono, o novo rei, que Catarina e outros achava que seria um mero fantoche para servir os interesses da Rússia, deu início a uma série de reformas para fortalecer a independência do seu país. Aquela que foi outrora uma ligação forte entre dois antigos amantes não demorou a azedar e Catarina obrigou Estanislau a abdicar, sendo a Rússia o país que mais forçou a dissolução da recém-criada República das Duas Nações.



6. Catarina via-se como uma governante iluminada

O reinado de Catarina ficou marcado pela sua vasta expansão territorial, algo que contribuiu muito para os cofres da Rússia, mas que aliviou pouco o sofrimento do seu povo. Até as suas tentativas para implementar reformas governamentais eram muitas vezes vetadas pela vasta aristocracia russa. No entanto, Catarina considerava-se uma das governantes mais iluminadas da Europa e muitos historiadores concordam. Escreveu vários livros, panfletos e materiais educativos que tinham como objectivo melhorar o sistema educativo na Rússia. Apoiava as artes, tendo mantido durante toda a vida correspondência com Voltaire e outros filósofos proeminentes da época e criou uma das colecções mais impressionantes de arte do mundo no Palácio de Inverno, em São Petersburgo (agora inserida no famoso Museu Hermitrage) e até tentou compor uma ópera. 



7. Ao contrário do mito popular, Catarina teve uma morte bastante normal e nada de especial aconteceu.

Tendo em conta a reputação chocante da imperatriz, talvez não seja de admirar que houvesse sempre rumores sobre ela, mesmo depois de morta. Quando morreu a 17 de Novembro de 1796, os seus inimigos na corte começaram imediatamente a espalhar vários rumores sobre os últimos dias da imperatriz. Alguns diziam que a governante toda poderosa tinha morrido na casa-de-banho. Outros levaram os rumores ainda mais longe e criaram um mito que ainda se prolonga até aos dias de hoje: que Catarina, cuja vida luxuriosa era um segredo aberto, tinha morrido enquanto praticava relações sexuais com um animal que muitos acreditam ter sido um cavalo. Obviamente este rumor não tem qualquer fundo de verdade. Apesar de os seus inimigos terem esperado por um fim escandaloso, a verdade é que Catarina simplesmente sofreu uma apoplexia e morreu calmamente na sua cama no dia seguinte.

Catarina, a Grande com a sua nora Maria Feodorovna e o filho, o futuro czar Paulo I
8. O filho mais velho de Catarina teve o mesmo destino macabro que o pai.

Era conhecida a relação conturbada de Catarina com o seu filho mais velho, Paulo. O menino tinha sido retirado à mãe pouco depois de nascer e foi criado em grande parte pela antiga czarina Isabel e uma série de tutores. Depois de ter subido ao trono, Catarina, temendo que o seu filho se vingasse dela pela deposição e morte do seu pai, manteve-o afastado dos assuntos de estado, o que o tornou ainda mais isolado. A relação entre eles era tão má que, às vezes, Paulo se mostrava convencido de que a sua mãe o planeava matar. Embora Catarina nunca tivesse tido tais planos, era verdade que temia que Paulo se tornasse um governante incompetente e procurou outras alternativas para a linha de sucessão. Tal como a imperatriz Isabel tinha feito antes de si, Catarina controlou a educação dos filhos mais velhos de Paulo e havia vários rumores que diziam que era sua intenção nomear os seus netos herdeiros, passando Paulo à frente na sucessão. De facto, acredita-se que Catarina pretendia tornar esta decisão oficial em finais de 1796, mas morreu antes de o fazer. Temendo que o testamento da mãe incluísse clausulas para tornar esse plano possível, Paulo confiscou o documento antes deste se tornar público. Alexandre, o filho mais velho de Paulo, sabia dos planos da avó, mas cedeu à pressão e não enfrentou o seu pai. Paulo tornou-se czar, mas não demorou a tornar-se tão imprevisível e pouco popular como a sua mãe tinha temido. Após cinco anos de reinado, acabaria por ser assassinado e o seu filho, Alexandre, de vinte-e-três anos, subiu ao trono como Alexandre I. 

Tradução do artigo "8 Things You Didn't Know About Catherine the Great", escrito por Barbara Maranzani para o site do Canal História e publicado a 9 de Julho de 2012.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Morte de Maria Alexandrovna e o Segundo Casamento de Alexandre II

Alexandre II, Maria Alexandrovna e três dos seus filhos
Em Maio era costume a corte imperial mudar-se para Gatchina para assistir às manobras de verão ao mesmo tempo que o czarevich, o grão-duque Vladimir e as suas respectivas famílias partiam para as suas residências de verão. Embora estivesse a perder as suas forças, a czarina [Maria Alexandrovna] queria ir passar o verão a Gatchina e os médicos concordaram que ela o devia fazer se assim o entendesse. Tinha passado o outono e o inverno em Cannes e sentia-se bem o suficiente para viajar. Em Maio, a sua filha Maria foi avisada que já não restava muito tempo de vida à mãe, por isso decidiu viajar até à Rússia, para estar com ela. A duquesa de Edimburgo estava tão desencantada com a vida em Inglaterra sob a vigilância matriarcal da sua sogra, a rainha Vitória, que estava desejosa por arranjar alguma desculpa para poder regressar a casa. Apesar disso, ficou chocada quando descobriu que Catarina Dolgorouky, a amante do pai, e os seus filhos se tinham instalado em aposentos no Palácio de Inverno que ficavam directamente acima dos aposentos da sua mãe e teve uma discussão séria com o seu pai. Abalado por perder a sua última aliada na família, o czar partiu apressadamente para Gatchina antes dela para poder assistir às manobras militares. No entanto, a discussão com a filha pesou-lhe na consciência, já que regressava todas as manhãs a São Petersburgo para saber da saúde da esposa.

Alexandre II com a sua filha, a duquesa de Edimburgo
No entanto, no dia 3 de Junho de 1880, os sofrimentos da czarina Maria Alexandrovna terminaram quando ela morreu em paz enquanto dormia. No dia do funeral, que se realizou na catedral da Fortaleza de Pedro e Paulo, o czar carregou o caixão com a ajuda dos filhos desde a catedral até à sua sepultura, embora os seus filhos talvez considerassem com alguma amargura que Alexandre tinha contribuído para a sua morte. Uma vez que ainda era apenas uma dama-de-companhia, Catarina Dolgorouky não foi obrigada a estar presente.

A czarina Maria Alexandrovna nos seus últimos anos de vida
O viúvo passou então a estar livre para oficializar a sua relação com a mulher que já considerava ser a sua "verdadeira esposa perante Deus". Um mês após a morte de Maria Alexandrovna, apanhou o seu camareiro, o conde Adlerberg, quando o informou de que tencionava casar-se com a princesa Dolgorouky daí a uma semana numa divisão escondida do Palácio de Isabel em Czarskoe Selo, no mais profundo dos segredos. Alderberg questionou se não seria mais prudente esperar até que o herdeiro do trono e a sua esposa, que, na altura, estavam no estrangeiro, regressassem, mas o czar insistiu que não havia tempo a perder. De qualquer das formas, o conde já devia saber qual era a opinião do seu filho relativamente ao assunto. A Igreja Ortodoxa exigia no mínimo um período de luto de quarenta dias para viúvos. Segundo Alexandre, todos os dias havia o risco de ele vir a sofrer um atentado terrorista que o mataria e, por isso, "estava preocupado em garantir o futuro do ser que tinha vivido só para mim ao longo dos últimos quarenta anos", assim como o dos seus filhos com ela.


Catarina Dolgorukov
A 6/18 de Julho, os dois casaram-se num dos apartamentos do palácio em Czarskoe-Selo. Os únicos que os ajudaram a preparar-se foram o padre, um diácono e um corista. O czar vestiu o seu uniforme azul de hussardo da guarda e a princesa levou o seu casaco de dia beije preferido. Foi montado um pequeno altar com uma mesa com uma cruz em cima, o evangelho, duas lanternas, os anéis nupciais e as coroas. Quando o casal chegou, começou a cerimónia com dois ajudantes-de-campo a segurar as coroas matrimoniais por cima das cabeças do noivo e da noiva que estavam ajoelhados. Os preparativos para a cerimónia secreta tinham sido realizados com tal secretismo que não só não havia convidados nem tinham sido chamados os representantes de outras potências estrangeiras, como nem sequer tinham sido avisados os oficiais do governo, funcionários do palácio nem criados, excepto os que organizaram a cerimónia. No dia do casamento, o czar deu à sua nova esposa o título de Sua Alteza Sereníssima, a princesa Youriecsky e os seus filhos foram legitimados através de uma ukaze imperial. Quando o czarevich e a sua esposa regressaram da Dinamarca, o czar convocou-os à sua presença e comunicou-lhes a notícia, pedindo-lhes para a tratarem sempre bem. Alguns dias depois, Alexandre II chamou Loris-Melikov e pediu-lhe para o aconselhar relativamente ao título da sua esposa. Este admitiu que, embora não existe qualquer precedente de um czar que se tivesse casado uma segunda vez e tivesse coroado a sua segunda esposa imperatriz (Pedro, o Grande tinha-se divorciado da sua primeira esposa e ambas tinham sido coroadas imperatrizes), esses precedentes poderiam ser sempre criados por um autocrata.

Alexandre II
A decisão do czar foi condenada por todas as cortes europeias, apesar de a maior parte mostrar um certo nível de compreensão pela atitude. Em Berlim, a princesa-herdeira Vitória considerou que "penso que a pressa incrível com que o imperador se casou enquanto a corte estava ainda de luto pela pobre imperatriz poderá ser atribuída e, até certo ponto, justificada pela sua vontade de cumprir o dever de um homem honrado perante uma senhora e os seus filhos que ele tinha colocado numa situação muito dolorosa". Embora fosse quase impossível não sentir algum ressentimento pela falta de respeito demonstrada à memória da falecida imperatriz, "e por muito que os filhos tenham ficado magoados com o segundo casamento do pai, penso que é preferível que assim seja do que se tivessem continuado a sentir-se envergonhados da vida que ele vivia".

Vitória, princesa-herdeira da Alemanha
Os grão-duques mão podiam fazer nada relativamente à ordem do czar para que eles e as suas esposas jantassem com ele e com a sua nova esposa, mas as grã-duquesas nunca deixaram de tratá-la de forma fria e chamávam-na "aquela aventureira manipuladora". Na posição de filho mais velho da czarina e sendo aquele que mais ressentia a atitude do pai, o czarevich mostrava-se particularmente insensível. Pelo bem das boas maneiras, tal como os irmãos faziam, estava preparada para ser civilizada, mas não cortês perante a sua madrasta. No entanto, quando ela não estava presente, não hesitava em denunciar "a intrusa" que achava "manipuladora e imatura". Com trinta-e-três anos de idade, ela era apenas dois anos mais nova do que ele. Até chegou a considerar mudar-se com a esposa e os filhos para a Dinamarca, apesar de o momento de subir ao trono poder chegar a qualquer altura e isso não passar de uma ameaça sem conteúdo.

O czarevich Alexandre, futuro Alexandre III
Catarina não era tratada oficialmente como "Sua Majestade", mas o czar planeava coroá-la sua consorte numa data futura. Existe a teoria de que Loris-Melikov tinha sugerido que o casamento deveria ser anunciado publicamente, que ela deveria ser declarada imperatriz e que se deveria enfatizar o facto de, pela primeira vez na história da casa imperial, havia uma imperatriz que era realmente russa. Ao mesmo tempo, uma zemsky sobor, ou seja uma assembleia de delegados dos zemstvos, deveria ser convocada para colocar o regime czarista numa nova base constitucional e nacional. Alguns temiam que, se tal tivesse sido feito, teria surgido um movimento a favor de substituir o czarevich Alexandre por Jorge Alexandrovich Yourievsky, filho mais velho de Catarina e do czar. Embora Loris-Melikov pudesse considerar essa ideia viável, seria pouco provável. De qualquer das formas, o czar deixou claro em privado que, independentemente da relação que tinha com o seu filho, Alexandre era e continuaria a ser o seu herdeiro.


Jorge Alexandrovich Yourievsky, filho do czar Alexandre II e da sua segunda esposa, Catarina
Dentro da família, apenas os grão-duques Constantino e Miguel continuaram a apoiar completamente o irmão e a sua nova cunhada. Antes de levarem as suas esposas e filhos a São Petersburgo para os conhecerem, avisaram-nos de forma firme que tinham de estar preparados para conhecer a sua nova imperatriz, ignorando os protestos das suas esposas de que "ela" não era nenhuma imperatriz e relembrando-as que, como súbditos do czar, não tinham direito de criticar as suas decisões. A princesa seria coroada imperatriz assim que o período de luto pela "tia Maria" terminasse e, até lá, devia ser tratada como tal. Todos os filhos do grão-duque Miguel aceitaram o assunto sem problemas, apesar de ter terminado abruptamente a conversa quando um deles, o grão-duque Sérgio Mikhailovich, começou a fazer perguntas embaraçosas relativamente às origens da sua nova prima.

Grão-duque Miguel Mikhailovich
Alguns ministros, principalmente Loris-Melikov, aceitaram o casamento como algo perfeitamente razoável e procuraram sempre obter a amizade e apoio da princesa Yourievsky. O czar encontrou conforto na companhia da sua segunda família e, depois de passar uma hora com o seu filho mais velho do segundo casamento, Jorge (ou 'Gogo'), de oito anos, parecia estar sempre de bom-humor.

Catarina com os seus dois filhos mais velhos, Jorge e Olga
O grão-duque Alexandre Mikhailovich, sobrinho do czar, descreveu uma refeição em família na qual o czar, já com mais de sessenta anos, se comportou como um jovem de dezoito apaixonado, sussurrando palavras de encorajamento à sua esposa, perguntando-lhe se ela queria vinho, concordando com tudo o que ela dizia e satisfeito pelos membros mais jovens à mesa a terem aceitado. No fim do jantar, a governanta trouxe os seus filhos para a sala e o czar sentou Jorge no seu joelho. "Diz-nos, Gogo, qual é o teu nome completo?" ao que a criança de oito anos respondeu com orgulho: "Sou o príncipe Jorge Alexandrovich Yourievsky" enquanto brincava com as patilhas do pai com as suas mãozinhas. "Ficámos todos muito contentes por o ter na nossa presença, príncipe Yourievsky. Já agora, gostavas de ser grão-duque?" Quando ouviu esta pergunta, a princesa Youriesky corou profundamente. Foi uma manifestação de afecto paternal que o resto da família achou um quanto nauseabunda, principalmente a grã-duquesa Olga Feodrovna, esposa do grão-duque Miguel, que disse irritada ao marido que nunca na vida iria reconhecer aquela "aventureira calculista" que tinha separado a família e estava a "conspirar para arruinar o império".

Texto retirado do livro "The Romanovs: 1818-1959" de John van der Kiste

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"Histórias de Amor da Realeza" de Gill Paul publicado em Portugal

     

Recentemente a editora Text Ed. publicou em Portugal o livro "Histórias de Amor da Realeza" de Gill Paul (Título original: Royal Love Stories: The tales behind the real-life romances of Europe's kings and queens).

Este livro inclui dois capítulos dedicados aos Romanov. O primeiro à imperatriz Catarina, a Grande e Potemkin e o outro ao czar Nicolau II e à imperatriz Alexandra Feodorvna.

Está à venda em grande parte das livrarias e espaços comerciais assim como nos principais sites de venda de livros como a Wook e a FNAC. O preço recomendado é de €14,90.