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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Os Ramos da Família Romanov: Os Vladimirovich



Os Vladimirovich eram provavelmente o ramo mais ganancioso e conflituoso da família Romanov. O seu chefe, o Grão-duque Vladimir Alexandrovich, terceiro filho do czar Alexandre II, sonhava em tornar-se czar desde que, com apenas cinco anos de idade, descobriu que o seu avô, o czar Nicolau I, era também um terceiro filho que, por virtude do destino, tinha chegado ao trono.

Vladimir Alexandrovich em criança

Este conhecimento fez com que, desde cedo, Vladimir trata-se o seu irmão Alexandre como um rival, embora este nunca tivesse realmente qualquer vontade de ser czar um dia. Esta rivalidade apenas aumentou quando o irmão mais velho deles, Nicolau, morreu subitamente em 1865, tornando Alexandre no czarevich por direito divino.

Alexandre teve várias conversas com o seu pai onde o tentou convencer de que não seria a pessoa indicada para o trono, mas Alexandre II abominava a ideia de que a sucessão não seguisse o seu ritmo natural. Quando o futuro Alexandre III tentou fugir com a sua amante (uma dama-de-companhia da mãe), o seu pai descobriu dos planos, mas decidiu utiliza-los a seu favor. Em vez de seguir para o destino que pretendia, o barco atracou no porto de Copenhaga onde o esperava a família real dinamarquesa para o seu noivado com a Princesa Dagmar.

Vladimir pouco antes do seu casamento

Quis o destino que Alexandre se apaixonasse por Dagmar e que esquecesse os devaneios da juventude para abdicar dos seus direitos ao trono. Vladimir ficou furioso, ainda mais quando o primeiro filho nascido desta união foi um rapaz saudável. Vladimir nunca ultrapassaria este ressentimento e, quando mais tarde o seu sobrinho subiu ao trono como Nicolau II, tentou por todos os meios controlar o país através dele.

Vladimir com a sua esposa, Maria Pavlovna, e os Imperadores Nicolau II e Alexandra Feodorovna

Com o seu casamento Vladimir conseguiu encontrar a pessoa perfeita para rivalizar com a sua ambição: a Duquesa Maria de Mecklenburg-Schwerin. Uma bisneta da Grã-duquesa Elena Pavlovna, filha do czar Paulo I, Maria estava noiva de um outro príncipe menor, mas rompeu o noivado assim que percebeu o interesse de um Grão-duque russo em linha de sucessão directa para o trono.

Vladimir conheceu-a durante a viagem de estudo que fez por todo o mundo em 1871, mas convencer o pai a dar-lhe permissão para o casamento foi difícil, uma vez que Maria se recusava veementemente a mudar de religião, tendo sido criada como Luterana. Ao fim de três anos, no entanto, Alexandre II acabou por ceder, permitindo que os noivos se casassem em São Petersburgo, no dia 28 de Agosto de 1874 sem que Maria se convertesse.

Vladimir e Maria

Mesmo assim, para ser melhor vista pela Corte, Maria adoptou o nome de Maria Pavlovna de Mecklenburg, mas não pôde receber o título de Grã-duquesa da Rússia.

Maria Pavlovna

O casal tornou-se rapidamente um dos mais populares de São Petersburgo. Maria partilhava da visão do marido de que Alexandre e Maria Feodorovna deviam ser vistos como rivais, por isso ocupou-se da segunda enquanto Vladimir tratava de ofuscar o irmão politicamente.

Sempre que Maria Feodorovna dava uma festa, recepção ou oferecia chá, Maria Pavlovna arranjava sempre uma forma de a superar com uma festa mais exuberante. Embora não partilhasse da mesma beleza que a futura czarina nos seus primeiros anos, era extremamente inteligente e sentia um à-vontade natural em todas as festas em que participava e eventos de caridade que realizava. Maria Feodorovna não demorou para começar a ter uma opinião desfavorável dela e era sempre o ponto alto de todas as festas ou eventos onde as duas estivessem presentes, quando elas se encontravam para comparar tudo de bom quanto tinham, desde quem estava a usar o melhor vestido até à história mais engraçada que tivessem dos seus filhos.

Maria Pavlovna eventualmente construiu a sua própria corte em São Petersburgo e, para rivalizar com os palácios de Maria Feodorovna, foi uma das principais influências na decoração do Palácio de Vladimir. Além da opulência do palácio, Maria Pavlovna tinha também a mais esplendorosa colecção de jóias da Rússia, digna de inveja até de Maria Feodorovna.

Vladimirovich junto da família imperial russa


Filhos

Cyril Vladimirovich

O filho mais velho da família era um homem reservado que trocou uma carreira militar no exército por uma na marinha. Serviu na Guerra Russo-Japonesa onde quase morreu quando o navio que comandava embateu contra uma mina subaquatica japonesa. Viria a casar-se em 1905 com a sua prima direita, a Princesa Vitória Melita de Saxe-Coburgo-Gota, ex-mulher do irmão da czarina Alexandra Feodorovna com quem manteve um caso amoroso por vários anos. Como a Igreja Ortodoxa Russa não autorizava casamentos entre parentes tão próximos e este foi realizado sem a permissão do czar, Cyril foi banido da Rússia e perdeu todos os seus títulos e honras militares. A partir de então passou a residir em Coburgo, na Alemanha, onde teve as duas duas filhas mais velhas: Maria e Kira. Contudo o castigo não durou muito e em 1908, após a morte do Grão-duque Aleksei Alexandrovich, Cyril e a família regressaram a São Petersburgo. Quando a Revolução de Fevereiro de 1917 rebentou, Cyril e a esposa foram dos mais fortes apoiantes. Cyril chegou mesmo a desfilar com o seu regimento até ao Palácio de Inverno com uma banda vermelha no braço e Vitória Melita escreveu à sua irmã, a Rainha da Roménia, para lhe dizer que rezava pelo sucesso da Revolta. O objectivo era que Cyril se tornasse czar, mas quando o Governo Provisório começou a perder poder, este achou que o melhor seria refugiar-se na Finlândia onde o seu filho mais novo, Vladimir, nasceu. Mesmo apesar de não ter sido coroado czar oficialmente, Cyril fê-lo por ele próprio, auto-declarando-se Imperador de Todas as Rússias em 1922 quando se encontrava exilado na França, sem que para isso tivesse o apoio da família. A Grã-duquesa Maria Vladimirovna, actual pretendente ao trono russo é sua neta.

Cyril com a sua esposa Vitória, as filhas Maria e Kira e o filho Vladimir

Boris Vladimirovich

Boris era, em tudo, um dandy. Utilizava a sua posição de Grão-duque para seduzir mulheres com prendas caras, gastava o seu dinheiro nos casinos do Mónaco e gastava todo o tempo que tinha a viajar. Foi obrigado a seguir uma caarreira militar no exercito, mas não nutria qualquer amor pela vida de soldado. De facto, durante a Primeira Guerra Mundial, apesar do esforço colectivo, Boris fazia os possíveis para evitar a frente de batalha e continuava a dar grandes e luxuosas festas e jantares. Foi durante um desses jantares que ofendeu gravemente os franceses e os ingleses quando os embaixadores de ambos os países se encontravm presentes. O embaixador fez mesmo uma queixa formal ao rei Jorge V sobre o comportamento dele. Mesmo assim a sua mãe, Maria Pavlovna, disse a Nicolau II e à sua esposa que queria ver o seu filho Boris casado com a Grã-duquesa Olga Nikolaevna, algo que chocou Alexandra Feodorovna. Por sorte do destino, Boris conseguiu escapar à prisão e passou os seus restantes anos no exílio em Paris com a sua amante, vivendo uma vida levemente mais regatada.

André Vladimirovich

André foi talvez o mais recatado dos seus irmãos e, por isso, o menos conhecido. Sempre foi extremamente tímido e tinha uma relação mais próxima com a sua irmã mais nova, Elena, do que com qualquer dos irmãos mais velhos. Longe de ver isto como uma qualidade, a sua mãe via a timidez do seu filho como um impedimento, pois achava que todos os Grão-duques deviam ter uma personalidade forte. No entanto, apesar dos seus esforços, André nunca conseguiu soltar-se. No entanto, durante a sua juventude, André encontrou uma motivação para se rebeliar contra a sua mãe, depois de ser apresentado pelos seus irmãos à bailarina Matilde Kschessinskaya, a antiga amante do czar Nicolau II que na altura mantinha um relacionamento amoroso com outro Romanov, o Grão-duque Sérgio Mikhailovich. Isso não a impediu de envolver também André no seu circulo e os dois primos partilharam a mesma amante durante mais de vinte anos. No entanto, durante a guerra, Matilde escolheu finalmente André. Já em exilio, em Paris, os dois casaram-se. André foi também um dos poucos membros da família a acreditar que Anna Anderson era Anastásia.

Elena Vladimirovna

Elena foi a única filha da família e testemunhos da sua época dizem que ela herdou uma versão mais moderada da personalidade da sua mãe, embora essa moderação não surgisse até à sua adolescência. Quando era criança Elena chegou a ameaçar um pintor com uma faca quando perdeu a paciência ao posar para um retracto. Elena não era considerada bonita para a sua época. Chegaram a existir negociações para um noivado com o Arquiduque Francisco Fernando da Áustria que não resultaram em nada e depois o Príncipe Max de Baden rompeu o noivado que a mãe dela tinha arranjado quando já havia até fotos dos dois juntos para o casamento. Por fim Elena contraiu matrimónio com o Príncipe Nicolau da Grécia, filho do Rei Jorge I. A união foi muito feliz e resultou no nascimento de três filhas: Olga, Isabel e Marina. Olga tornou-se Princesa da Sérvia após o seu casamento com o Príncipe Paulo e Marina casou-se com o Príncipe Jorge, Duque de Kent, o filho mais novo do Rei Jorge V do Reino Unido. O actual Duque de Kent, Eduardo, é seu filho.

Elena com as suas filhas

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