Java

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Os Ramos da Família Romanov: Os Constantinovich (1ª Geração)



O segundo ramo mais antigo da família Romanov surgiu em 1848 aquando do casamento do grão-duque Constantino Nikolaevich, segundo filho do czar Nicolau I, e da princesa Alexandra de Saxe-Altenburgo, uma descendente dos reis da Prússia que, ao converter-se à Igreja Ortodoxa, passou a chamar-se grã-duquesa Alexandra Iosifovna. Na última metade do século XIX e inicio do século XX foi sempre o ramo mais leal e chegado ao czar, com a excepção de Alexandre III que odiava o seu tio Constantino. Os descendentes deste ramo ainda se encontram bem activos nas casas reais europeias através do casamento da grã-duquesa Olga Constantinovna com o rei Jorge I da Grécia. O príncipe Filipe, Duque de Edimburgo (consorte da rainha Isabel II do Reino Unido), a rainha Sofia de Espanha e o rei Constantino II da Grécia são apenas alguns dos seus descendentes.

O Casal

Alexandra conheceu Constantino em 1846 quando ele visitou Altenburgo. Constantino passou alguns dias no castelo do pai de Alexandra. A visita tinha sido arranjada pela tia de ambos, a grã-duquesa Helena Pavlovna, nascida princesa Carlota de Württemberg. Tanto Helena como a mãe de Alexandra eram descendentes do duque Frederico II Eugénio de Württemberg. Helena tinha uma influência forte sobre o seu sobrinho Constantino que admirava a tia pela sua inteligência e pensamentos modernos. Ela tinha interesses literários e musicais, sendo a responsável pela criação do Conservatório de São Petersburgo, e Constantino passava muito tempo em sua casa e no seu salão de festas.

Constantino era intelectual e liberal, enquanto que Alexandra era conservadora e muito alegre. Apesar de terem personalidades diferentes, ambos gostavam de músicas e gostavam de tocar duetos de piano juntos. Constantino sentiu-se atraído pela beleza juvenil de Alexandra, alta, magra e atraente. Rapidamente ficou apaixonado e quis casar com ela:

"Não sei o que me está a acontecer. É como se fosse uma pessoa completamente nova. Há apenas um pensamento que me conduz e uma imagem que me enche os olhos: para sempre e só ela, o meu anjo, o meu universo. Penso que estou realmente apaixonado. Contudo, o que pode isso significar? Só a conheço há algumas horas e já estou cheio de paixão."

Ela tinha apenas dezasseis anos e Constantino dezanove. Ficaram noivos, mas tiveram de esperar mais dois anos antes de se casarem.

Alexandra de Saxe-Altenburgo

Alexandra chegou à Rússia no dia 12 de Outubro de 1847 e foi recebida com muita pompa e celebração popular, tendo multidões alegres a saudá-la nas ruas e varandas. Diz-se que Alexandra se parecia tanto com a sua cunhada, a grã-duquesa Alexandra Nikolaevna, que tinha morrido ao dar à luz, que a sua futura sogra, a imperatriz Alexandra Feodorovna, se desfez em lágrimas quando a viu pela primeira vez.

Em Fevereiro de 1848 Alexandra converteu-se à Igreja Ortodoxa, tomando o nome de grã-duquesa Alexandra Iosifovna, derivado do nome do seu pai, José, ao contrário de outras grã-duquesas da família que tinham preferido um nome em honra de figuras religiosas ou dinásticas.

Alexandra e Constantino casaram-se no Palácio de Inverno em São Petersburgo, no dia 11 de Setembro de 1848. Constantino recebeu o Palácio de Mármore como presente de casamento dos seus pais. Strelna, uma casa no Golfo da Finlândia que Constantino tinha herdado aos quatro anos de idade, passou a ser a casa de campo do casal. A vivaz grã-duquesa gostou muito dos jardins de Strelna e criou uma escola gratuita de jardinagem onde ela própria ensinava. Havia também brinquedos educacionais para crianças, um mastro de madeira e um trampolim para ginástica e uma cabina abandonada de uma das fragatas de Constantino.

Alexandra Iosifovna

Um ano depois do casamento, Constantino herdou o palácio de Pavlovsk do seu tio, o grão-duque Miguel Pavlovich. Os jardins do palácio eram abertos ao público. O casal construiu uma sala de concertos no palácio que se tornou muito popular entre as classes médias e recebeu concertos de figuras como Johann Strauss II, Franz Liszt e Hector Berlioz.

Mais tarde o casal comprou o palácio de Oreanda, na Crimeia, que tinha sido construído pela czarina Alexandra Feodorovna.

Constantino e Alexandra com a fila Olga, futura rainha da Grécia

Em 1867, a filha mais velha de Alexandra, Olga, casou-se com o rei Jorge I da Grécia. Ela tinha apenas dezasseis anos e Constantino foi contra o casamento no principio por a sua filha ser ainda tão nova. Em Julho de 1867 nasceu o primeiro neto do casal e recebeu o nome de Constantino em honra do avô. O inicio do declínio do casamento começou por volta desta altura.

Apesar de ter apenas quarenta anos, as lutas de Constantino e as dificuldades pelas quais tinha passado nessa década (as reformas navais e judiciais, a emancipação dos servos), tinham-no feito envelhecer prematuramente. Quando o seu irmão, o czar Alexandre II, começou a distanciar-se dos anos de reforma do seu reino, a influência de Constantino na corte começou a esmorecer e então ele começou a dedicar-se mais à sua vida privada. Após vinte anos de casamento, ele tinha-se afastado da sua esposa. A grande quantidade de trabalho de Constantino e as visões políticas conflituosas do casal tinham desfeito lentamente a sua relação. Alexandra era tão conservadora como o seu marido era liberal e ela tinha aprendido a preocupar-se mais com o seu círculo e com o misticismo. Não demorou muito até o grão-duque começar a procurar atenção feminina noutro lado.

Constanino Nikolaevich

Constantino morreu subitamente de ataque cardíaco no dia 13 de Janeiro de 1892, quando tinha 64 anos, deixando vários filhos ilegítimos e a sua esposa humilhada. Alexandra, por outro lado, tornou-se numa das figuras mais adoradas da Corte Russa e na Grécia, onde passava longas temporadas junto da filha. Sobreviveu o marido por quase vinte anos, morrendo a 6 de Julho de 1911, aos 80 anos de idade.

Alexandra nos seus últimos anos com a filha Olga e o filho Constantino

Filhos

Grão-duque Nicolau Constantinovich

Nascido no dia 14 de Janeiro de 1850, foi o filho mais velho do casal. Ao contrário da maioria das crianças da época, teve uma infância muito independente, sem amas nem responsabilidades. Eventualmente tornou-se num grande sedutor, mantendo um grande número de casos. Um deles, com uma americana chamada Fanny Lear foi-lhe fatal. Ela conseguiu influenciá-lo a roubar três diamantes de um ícone da sua mãe. Este acto fez com que ele fosse considerado louco e então foi banido para o interior russo, na zona do que é hoje o Uzbequistão. Graças à sua fortuna pessoal desenvolveu grandemente a região chegando até a construir o seu próprio palácio. Morreu em 1918 de Pneumonia deixando um grande número de filhos de várias mulheres.

Rainha Olga da Grécia

Nascida a 3 de Setembro de 1851, Olga tornou-se a mais conhecida dos seus irmãos ao casar-se com o rei Jorge I da Grécia, antigo príncipe da Dinamarca, tornando-se assim rainha. Foi uma rainha popular no seu país, contribuindo principalmente para a caridade e para a religião. Causou controvérsia entre os mais conservadores por querer traduzir a bíblia para grego moderno e foi ainda regente do seu filho Constantino após a morte do seu neto Alexandre I da Grécia.

Grã-duquesa Vera Constantinovna

Nascida a 3 de Fevereiro de 1854, Vera teve uma infância turbulenta. Era dada a ataques de fúria e raiva de tal ordem que os seus pais decidiram enviá-la para a Alemanha para ser criada pela sua tia, a grã-duquesa Olga Nikolaevna, rainha de Wuttenberg. Eventualmente  conseguiu ultrapassá-los e casou-se com um duque do seu país adoptivo. Embora ele tenha morrido cedo, Vera teve três filhos dele: um rapaz que morreu na infância e duas gémeas cujos descendentes vivem até aos dias de hoje.

Grão-duque Constantino Constantinovich


Nascido a 22 de Agosto de 1858, foi um distinto poeta e dramaturgo, assinando todas as suas obras com KR. Casou-se com uma princesa alemã de quem teve nove filhos, mas nunca escondeu as suas tendências homossexuais, eternizadas nos seus famosos diários. Foi o pai da segunda geração dos Constantinovich.

Grão-duque Dmitri Constantinovich


Grão-duque Vyacheslav Constantinovich


O filho mais novo da família teve uma vida curta. Morreu subitamente aos dezasseis anos de idade devido a uma inflamação no cérebro. Na véspera da sua morte, a sua mãe afirmou ter visto um anjo que mais tarde identificou como um presságio da morte do filho.

1 comentário: