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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Locais - Palácio de Alexandre


O Palácio de Alexandre é lembrado principalmente por ter sido a residência favorita de Nicolau II e da sua família. O palácio situa-se no Parque de Alexandre, em Czarskoe Selo, a 26 quilómetros de distância de São Petersburgo.


O Palácio de Alexandre foi mandado construir por Catarina, a Grande, para o seu neto, o futuro czar Alexandre I. Ela começou a planear o edifício quando ele era bastante novo e tinha a intenção de o oferecer quando ele se tornasse adulto. Ela gostava de discutir ideias sobre o palácio com o jovem Alexandre e convidava-o a fazer esboços com as suas próprias ideias.

O arquitecto escolhido para o palácio foi Giacomo Quarenghi que nasceu em Bergamo, Itália em 1744 e morreu em São Petersburgo em 1817. Desde que o arquitecto chegou à Rússia que a Czarina Catarina o contratou e financiou muitas das suas obras durante o seu reinado. Ele era um dos seus arquitectos favoritos. Ele era um mestre de desenho e produzia planos de sépia esplêndidos para o palácio que ainda existem hoje.

quarto de Alexis

Originalmente, o Palácio de Alexandre, foi planeado para ser construído em São Petersburgo. Os primeiros esboços mostravam claramente a intenção de uma obra urbana, com um maior ornamento na fachada e um complexo planeamento do interior. A certa altura, Catarina decidiu construi-lo em Czarskoe Selo e simplificou o plano.

quarto de brincar das crianças

Catarina seleccionou um local perto da sua própria residência, o Palácio de Catarina, para iniciar a construção. Este local era uma colina baixa do outro lado do parque do Palácio. Mudar a localização do palácio da cidade para Czarskoe Selo, significou muitas mudanças na estrutura original. Em São Petersburgo, o palácio tinha sido pensado como uma residência permanente para todo o ano, enquanto que em Czarskoe Selo foi construído para ser um palácio de Verão, apenas para ser habitado alguns meses. Estas circunstâncias reduziram a necessidade de investir em interiores demasiado caros ou em exteriores elaborados para impressionar o público. Os planos para o palácio foram também adaptados para se inserirem na atmosfera mais calma de uma residência de Verão.


Seguindo as práticas da altura, em 1792, a Corte Imperial colocou anúncios nos jornais de São Petersburgo para que os construtores privados começassem a lançar as suas propostas para construir o palácio. A empresa seleccionada foi colocada sob supervisão do arquitecto russo, Nilov, que tinha a tarefa de dar vida aos desenhos de Quarenghi.

sala de estudo das grã-duquesas

A construção do palácio apresentou alguns desafios relacionados com o local. Os rios subterrâneos faziam com que o edifício mudasse de posição à medida que era construído. Ao longo do tempo este problema causou vários buracos e rachas no Hall semi-circular que podem ainda ser vistas hoje. Os construtores fizeram uma série de mudanças instantâneas no projecto original para que este se adaptasse aos desafios do local. Foi construído um grande terraço do lado de fora da entrada para o jardim do edifício para reforçar os arcos dos corredores centrais. Os atrasos e os custos cada vez mais excessivos foram retirados dos possíveis lucros, por isso todos estavam ansiosos para acabar a construção do palácio o mais rapidamente possível.

quarto de Olga e Tatiana


As bases do palácio são de pedra, mas, de resto, quase todo o edifício é construído de tijolo. Foram precisos milhões de tijolos para construir o Palácio de Alexandre e foram todos feitos na zona de Czarskoe Selo usando argila do local. Isto foi algo que preocupou Catarina. Ela deu ordens especificas para que se protegessem as florestas locais, com medo de que os construtores destruíssem as árvores à volta da cidade e estragar assim as suas vistas
casa de banho do czar

O orçamento inicial para a construção do edifício não incluía dinheiro para a decoração interior. A firma que construiu o palácio não tinha responsabilidade nos interiores e esta tarefa foi dada a uma equipa de decoração internacional que incluía Britânicos, Russos e Italianos. No entanto, à medida que a construção avançava, Catarina viu-se com alguns problemas em termos de orçamento e continuou a deixar a questão dos interiores para segundo plano. Isto não foi visto como um problema sério, pois a Imperatriz achou que Alexandre poderia fazer o que quisesse com os interiores conforme o seu próprio gosto.

quarto de bordar

Alguma mobília para o palácio foi encomendada, mas a maioria foi levada de outros palácios. Por exemplo, um grande número de ornamentos foi trazido do já velho Palácio de Tauride. Catarina ofereceu também outros itens das suas próprias residências.

quarto imperial

No princípio, o exterior do palácio foi deixado exposto com tijolo. Levou muitos anos para que os tijolos secassem e finalmente se pudesse estucar e pintar as paredes com segurança. O “novo palácio”, como era chamado na altura, foi completado e apresentado a Alexandre em Junho de 1796. Ele a sua esposa mudaram-se para a nova casa no dia 12 de Junho de 1796. A construção tinha durado quase quatro anos. Catarina deu as boas-vindas ao neto de 16 anos e à sua esposa, Isabel de Baden, nos degraus do palácio com pão e sal, prendas tradicionais para a bênção de uma nova casa. Alexandre teve pouco tempo para desfrutar do palácio antes da morte da avó em Novembro desse mesmo ano. Isto significou uma mudança de circunstâncias, pois Alexandre estaria agora sob controlo do seu pai, o novo Imperador Paulo I.


dois pormenores do escritório de Nicolau II

Durante o reinado de Paulo I, deram-se os últimos retoques na pintura do palácio. Desde o princípio que foi planeado pintar o edifício de amarelo e branco, mas a cor original era mais profunda do que a que se vê hoje em dia.

Paulo não era muito popular entre a sociedade e foi assassinado no Castelo Mikhailovski em São Petersburgo. Alguns dizem que Alexandre esteve envolvido no assassinato, uma vez que assim sucederia mais depressa o seu pai. Durante o seu reinado, Alexandre preferiu viver no Palácio de Catarina quando estava em Czarskoe Selo, o que não significa que tivesse ignorado o Palácio de Alexandre, que necessitava de grandes quantidades de dinheiro para se manter. Em 1809, tiveram de se dispensar 600,000 rublos para reparações no edifício.

sala de estar particular

Alexandre e a sua esposa não tiveram filhos, por isso ele decidiu nomear o seu irmão, o futuro Nicolau I, para o suceder. Ofereceu-lhe o Palácio de Alexandre e começou a tradição de fazer dele o Palácio de Verão de Czarskoe Selo.
sala lilás

O palácio mantém uma marca indiscutível de Nicolau I e dos seus tempos. Nicolau tinha uma grande família que crescia rapidamente. Embora ele tenha a reputação de ser um Czar duro, quando estava longe dos deveres do reino, ele era um homem de família sentimental. O Palácio de Alexandre era a sua residência favorita e ele dedicou muito tempo a melhorar o edifício. Muitas das mudanças foram feitas de modo a reflectir a vontade de Nicolau em transformar aquele palácio num local mais confortável para todo o ano e não apenas durante o Verão. Por exemplo, mandou construir cozinhas especiais dentro do palácio para poder ter os seus pratos favoritos quando quisesse. Ele próprio gostava de cozinhar. Também foi o próprio Imperador que plantou vários canteiros de flores e tomou todas as decisões sobre a decoração dos interiores.

Nicolau escolheu o Palácio de Alexandre para alguns dos mais importantes acontecimentos do seu reinado como a primeira transmissão telegráfica na Rússia.

sala de recepção do czar

Tal como o seu irmão mais velho, Nicolau ofereceu o Palácio de Alexandre ao seu filho e herdeiro, o futuro Czar Alexandre II, quando este se casou. Isto levou a uma remodelação e actualização completa do palácio. Avanços técnicos como na iluminação, aquecimento e cozinhas, significaram mudanças que iam muito além de simples tecidos, mobílias e carpetes novas. O palácio foi completamente modernizado para acompanhar as mudanças do mundo em meados de 1840. Mais tarde, depois de Alexandre se tornar Czar e arranjar uma amante, a sua esposa, a Princesa Maria Alexandrovna, decidiu viver no Palácio durante todo o ano. Isto deu vários problemas devido ao facto de este ter sido construído como uma residência de Verão. Não existiam as janelas de vidro duplo nem os soalhos reforçados necessários para manter o edifício quente durante os rigorosos Invernos russos, por isso foram instalados novos sistemas de aquecimento nas áreas ocupadas pela Czarina.

o palácio nos tempos de Alexandre II

Novamente quando o Czarevich e future Czar Alexandre III se casou com a sua esposa Maria, foi-lhes oferecido o Palácio de Alexandre. A sua mãe continuou a viver lá e o uso de Alexandre do palácio foi limitado até à morte dela. Em 1874, uma parte do palácio foi remodelada para a lua-de-mel da única filha de Alexandre II, Maria, que se casou com Alfredo, filho da Rainha Vitória.

escritório de Alexandre III

A esposa de Alexandre III, Maria Feodorovna, adorava o Palácio de Alexandre. Ela preveria as festas e elegância de Czarskoe Selo à austeridade do local preferido do seu marido, Gatchina. Dois dos filhos de Maria e Alexandre, o futuro czar Nicolau II e o seu irmão Jorge, nasceram no palácio. Quando cresceram, os dois rapazes continuaram a ter as suas próprias áreas no palácio e utilizavam-nas sempre que estavam em Czarskoe Selo.

quarto de Maria Feodorovna

Quando Nicolau subiu ao trono em 1894, ele e a sua nova mulher Alexandra decidiram tornar o Palácio de Alexandre na sua residência principal. Como resultado, Nicolau II e a sua esposa fizeram as mudanças mais significativas no edifício desde o reinado de Catarina, a Grande. Foram feitas extensivas renovações ao edifício e instalados novos sistemas como electricidade, telefones, canalização, elevadores e saneamento. Uma área do palácio foi reconstruída com o objectivo de o tornar mais doméstico e luxuoso. O principal objectivo de Nicolau e Alexandra foi tornar o palácio numa casa de família confortável e elegante.

Mais tarde foram também feitas mudanças com a construção de interiores de estilo “Art Nouveau” e quartos agradáveis para os filhos do Czar.

sala de estudo de Alexis

Na altura da Revolução Russa e exílio da família Romanov na Sibéria, decidiu-se transformar o palácio num museu que documentava a vida dos Romanov no Palácio de Alexandre desde o século XIX. Naturalmente, o que estava em destaque era o reinado de Nicolau II. Pouco depois da saída dos Romanov para Tobolsk em Agosto de 1917, partes do Palácio foram abertas ao público pelo seu responsável, Lukomskii. Depois do assassinato da família, alguns dos bens pessoais que tinham sido levados para a Sibéria, foram devolvidos.

visita ao Palácio de Alexandre durante os anos 20

O museu no Palácio de Alexandre mostrava os interiores da forma mais rigorosa possível aquilo que tinham sido deixados em 1917. Parecia que o Czar e a família tinham acabado de sair e podiam regressar a qualquer momento. A tragédia da história e a intimidade dos seus quartos privados criou uma impressão poderosa naqueles que os visitavam, o que acabou por fazer com que a simpatia para com os Romanov crescesse, o que chocava com os ideais do Governo Marxista-Leninista. Em 1919, pouco depois de o Exercito Vermelho sair vencedor da Guerra Civil, uma parte do palácio foi transformada numa colónia para crianças, mas esta experiência revelou-se desastrosa e esses quartos foram devolvidos ao museu. A restauração extensiva impediu que estes quartos fossem novamente abertos ao público. Em meados dos anos 20, os quartos históricos de Nicolau e Alexandra no Palácio de Inverno, que faziam parte de um outro museu construído aí, foram fechados e a sua mobília destruída. Alguns itens foram transferidos para o Palácio de Alexandre onde se misturaram com outras colecções.

pormenor da escadaria do Palácio de Alexandre

O museu do Palácio de Alexandre provou ser um dos museus mais populares da Rússia e uma paragem obrigatória para todos os estrangeiros que visitassem o novo estado Soviético. Infelizmente o governo tinha uma atitude indiferente e quase hostil em relação ao “Museu Romanov”. Os oficiais começaram a roubar objectos e mobília do palácio para vender a estrangeiros e para seu próprio uso. Mais tarde a polícia secreta exigiu o uso de uma parte do palácio como o seu “resort” particular. Para se prepararem para a transição, estas alas foram esvaziadas e os seus tesouros vendidos a estrangeiros na Rússia e por uma empresa chamada Hammer, nos Estados Unidos.

lago do Palácio de Alexandre

Ao longo dos anos 30, foram surgindo tratados do governo para fechar o resto do museu e vender os seus tesouros. De alguma forma, os trabalhadores do museu e o público conseguiram convencer o governo a não seguir em frente com esta ideia e o museu continuou a funcionar até aos inícios da Segunda Guerra Mundial.
Quando Hitler declarou Guerra à União Soviética em 1941, o Director do Museu do Palácio de Alexandre, A. M. Kuchumov, recebeu ordens para evacuar cerca de 300 objectos do palácio para os proteger do avanço das tropas alemãs. Isto foi uma pequena selecção de uma colecção de milhares. Freneticamente e com grande coragem, os trabalhadores do museu conseguiram empacotar e esconder do perigo uma parte significante da colecção do museu. Infelizmente, milhares de peças dos preciosos tesouros de extraordinário valor histórico foram deixadas para trás.

pormenor de um ovo Ferbegé representando o Palácio de Gatchina

Quando os alemães ocuparam a cidade, saquearam imediatamente os palácios. Aquilo que não deitaram fora para transformar em balas e armas, levaram para a Alemanha e Espanha onde muitos dos objectos dos palácios permanecem até hoje. O Palácio de Alexandre foi convertido num hospital de SS e era fortemente protegido pelas tropas alemãs. Nos jardins do palácio foi erguido um monumento de homenagem aos SS e um cemitério decorado com símbolos Nazis. Durante a guerra o palácio foi danificado por ataques aéreos e vandalização alemã e dos seus aliados espanhóis.

danos na fachada do palácio

Mesmo assim, tendo em conta tudo pelo que passou durante a ocupação alemã e espanhola, o palácio manteve-se em pé pela dedicação dos seus trabalhadores que, logo após o final da guerra, voltaram e fizeram os possíveis para o transformar naquilo que fora. Nos anos 50, era o palácio melhor preservado dos subúrbios e foi escolhido como local de acolho das obras de arte chegadas da Sibéria para Leninegrado. Foram feitos ambiciosos planos de restauração do palácio para recuperar o esplendor que tinha antes da guerra. Nesta altura, o governo, talvez o próprio Estaline, tomou uma decisão critica em relação ao futuro do museu – não se tornaria num museu Romanov. O palácio deveria ser esvaziado e restaurado como um palácio genérico do século XIX. Qualquer restauração que apresentasse a vida privada do czar e da sua família estava proibida. Esta restauração começou e os interiores que tinham sobrevivido à ocupação alemã foram brutalmente despidos e destruídos. Antes de este trabalho estar completo, Estaline mudou de ideias e tomou outra decisão e decidiu que o edifício não se tornaria num museu de nenhum tipo e seria entregue à Marinha que o poderia usar como entendesse.


A colecção única e de valor incalculável do palácio foi separada por vários museus. Algumas peças foram para Povlovsk, outras para o Palácio de Catarina, para o Hermitrage e outros locais. A maioria dos itens pessoais associados ao czar e à sua família foram simplesmente fechados e escondidos num armazém desconhecido.
No final dos anos 80, Suzanne Massie e Bob Atchison, com a bênção do antigo director do museu do Palácio de Alexandre, A. M. Kuchmov, que tinha feito da restauração do palácio o seu objectivo da vida, pediram à imprensa e à cidade de Leninegrado para a reabertura do Museu do Palácio de Alexandre. Este intenso e exaustivo esforço provou ter sucesso e uma decisão do governo foi feita para restabelecer o museu. O único pedido foi para uma relocalização com sucesso da marinha que ocupava o edifício.
Até hoje é possível visitar o museu em Czarskoe Selo e passear pelos jardins outrora foram ocupados pela última família imperial russa.

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